Restos mortais de guerreiras encontrados em cemitério arménio. Rompem com preconceitos do século XIX

Khudaverdyan / International Journal of Osteoarchaeology

Até há pouco tempo, a arqueologia atribuía automaticamente as ossadas de guerreiros a homens. Contudo, a recente descoberta dos restos mortais de duas mulheres enterradas há mais de três mil anos no cemitério de Jrapi, na Arménia, pode ajudar a desmistificar esta ideia reforçada durante milénios.

A descoberta dos restos mortais no cemitério de Jrapi prova que as mulheres tiveram um importante papel na defesa dos seus povos.

A mais velha, que morreu com uma idade compreendida entre os 45 e os 50 anos, apresentava um ferimento profundo na nuca, que deixou uma marca no crânio, e uma flecha alojada na caixa torácica.

Já a mulher mais jovem, provavelmente adolescente, apresentava um ferimento semelhante, mas mais profundo, na cabeça e sinais de ferimentos graves na mandíbula e no tornozelo, que sugerem um possível papel como soldado de cavalaria.

Segundo o IFL Science, ambas terão morrido em batalha. Em declarações ao portal, a investigadora Anahit Khudaverdyan disse que as mulheres guerreiras foram enterradas com taças, frascos, setas, punhais e contas decorativas – rituais funerários associados aos “guerreiros profissionais”.

É raro encontrar na Arménia sepulturas de mulheres combatentes, mas o país tem uma rica mitologia tradicional neste âmbito.

“Documentadas não só por dados antropológicos mas também por provas arqueológicas e históricas”, as mulheres guerreiras “retratadas em vasos e cintos de bronze poderiam estar totalmente de acordo com as perceções da população na Arménia”, defendeu a investigadora.

“Não só as mulheres arménias comuns [defenderam] a sua terra natal com armas, como também as nobres rainhas e princesas arménias inspiraram gerações com a sua coragem e façanha”, escreveram os autores do artigo científico, publicado recentemente no International Journal of Osteoarchaeology.

Segundo Khudaverdyan, a ideia de que as mulheres não eram “adequadas” à guerra tem origem em preconceitos do século XIX, mas “o estudo dos restos humanos liberta o investigador de problemas relacionados com preconceitos históricos”.

ZAP //

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