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Nos Estados Unidos, a religião está a ser usada para fugir à vacinação obrigatória

Sedat Suna / EPA

Um pouco por todos os Estados Unidos, cada vez mais empregadores exigem a vacinação obrigatória contra a covid-19. Insatisfeitos, muitos trabalhadores estão a retaliar.

Em Washington DC, por exemplo, mais de 400 bombeiros e profissionais médicos de emergência solicitaram isenções religiosas. E em Los Angeles, cerca de um quarto do departamento policial deverá procurar isenções religiosas, escreve a NPR.

O direito de solicitar uma isenção religiosa está constatado na Lei dos Direitos Civis de 1964, que protege os trabalhadores da discriminação com base na religião, entre outras coisas.

Mas, primeiro, os empregadores podem investigar se a crença religiosa de um funcionário é sincera. Se o empregador determinar que a crença não é sincera, ele pode negar o pedido de isenção.

Em Conway, no Arkansas, o Sistema Regional de Saúde concedeu 45 isenções religiosas a funcionários que recusarem ser vacinados contra a covid-19.

A maioria das isenções baseava-se nas crenças dos funcionários de que as vacinas que usaram células fetais durante a investigação, testes ou produção — uma prática comum na investigação farmacêutica — não devem ser colocadas nos seus corpos.

Antes de conceder as isenções, o responsável do Sistema Regional de Saúde, Matt Troup, enviou uma lista de medicamentos que usavam células fetais e pediu aos trabalhadores que atestassem não estar a usar nenhum deles.

“Eles precisam de saber que, se quiserem ser consistentes nas suas crenças, isso aplica-se a muitas coisas diferentes além da vacina contra a covid-19”, disse Troup, citado pela rádio norte-americana.

No entanto, nem todas isenções estão a ser aceites como em Conway. Recentemente, a NBA negou um pedido de isenção religiosa do jogador dos Golden State Warriors, Andrew Wiggins. O atleta não poderá jogar nenhum jogo em casa em São Francisco, que tem vacina obrigatória em grandes eventos em espaços fechados.

Depois há outros casos, como o da United Airlines, em que a isenção religiosa é aceite, mas os funcionários foram colocados em licença sem vencimento por tempo indeterminado, sem benefícios.

Alguns trabalhadores já processaram a companhia aérea norte-americana. De acordo com a lei, os empregadores devem fornecer acomodações razoáveis aos trabalhadores que procuram isenções religiosas — a menos que isso represente uma dificuldade indevida, explica a NPR.

Embora o próprio Papa Francisco já tenha vindo apelar à vacinação contra a covid-19, classificando-a como “uma forma simples de promover o bem comum e cuidar uns dos outros”, a sua opinião acaba por não importar na questão das isenções religiosas.

Isto porque as isenções religiosas estão relacionadas com a crença pessoal do próprio funcionário. Até agora, nenhuma religião importante se opôs às vacinas contra a covid-19.

Daniel Costa, ZAP //

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