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Relatório alerta que parte da produção de painéis solares depende da exploração de uigures

Wikimedia

Painéis solares

A região de Xinjiang, na China, evoluiu nas últimas duas décadas e tornou-se num importante centro de produção para muitas das empresas que fornecem ao mundo as peças necessárias para a construção de painéis solares.

No entanto, uma nova pesquisa sugere que grande parte desse trabalho pode depender da exploração da população uigur da região, tal como de outras minorias étnicas e religiosas.

O relatório, ao qual a CNN teve acesso, apresenta evidências de uma realidade preocupante: os componentes para a produção de energia limpa podem ser criados com carvão e através de trabalho forçado.

Nos últimos tempos, a China tem vindo a negar repetidamente todas as acusações de abusos de direitos humanos em Xinjiang, mas o Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu a um pedido de comentários da CNN sobre o mais recente relatório.

Contudo, questionado na passada quarta-feira sobre as alegações de trabalho forçado as cadeias de fornecimento de painéis solares em Xinjiang, o porta-voz das Relações Exteriores, Hua Chunying, classificou as alegações como “uma mentira ultrajante”.

“Alguns países ocidentais e forças anti-China fazem de tudo para divulgar o chamado ‘trabalho forçado’ na indústria de cultivo de algodão de Xinjiang. Agora estão a virar-se para a indústria de energia solar”, lamentou o responsável chinês.

As alegações foram levantadas antes que o trabalho forçado em Xinjiang fosse usado para produzir polissilício, um componente-chave para a fabricação de painéis solares. Ainda assim, o relatório indica que a prática também é usada na mineração e processamento de quartzo – matéria-prima essencial no início da cadeia de fornecimento de painéis solares.

“A procura global por energia solar encorajou as empresas chinesas a fazerem o possível para tornar a responsabilidade climática o mais barata possível“, garante o relatório, que acrescenta que essa situação acaba por ter “um grande custo para os trabalhadores”.

O relatório cita centenas de divulgações corporativas publicamente disponíveis, declarações governamentais, artigos dos media estatais, partilhas das redes sociais, relatórios do setor e imagens de satélite, e detalha a sua investigação em mais de 30 empresas de produtos solares para determinar se foram sujeitas a trabalho forçado nas suas correntes de fornecimento.

Ao longo dos anos, o governo dos Estados Unidos tem alertado que até dois milhões de uigures, e outros grupos minoritários muçulmanos em Xinjiang, foram presos em campos de reeducação.

Vários governos ocidentais e organizações de direitos humanos também alegam que as minorias na região são submetidas a abusos físicos, tentativas de doutrinação e trabalho forçado.

Enquanto isso, Pequim nega os abusos de direitos humanos na região, afirmando que as suas instalações são “centros vocacionais” onde as pessoas trabalham e aprendem.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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