O grande relatório do Governo Trump sobre saúde cita fontes inexistentes

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Chris Kleponis / EPA POOL

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Pelo menos quatro estudos citados no relatório sobre doenças crónicas que afetam os jovens norte-americanos, publicado na semana passada pelo Governo liderado por Donald Trump, não existem. A denúncia foi feita pelos autores citados no documento.

O relatório “Make America Healthy Again”, numa referência ao slogan de Trump “Make America Great Again” [“Engrandecer de Novo a América”, em português], publicado no dia 22 de maio foi encomendado por Donald Trump.

Precisamente uma semana depois, autores citados no documento denunciaram que o relatório sobre saúde dos jovens cita fontes inexistentes.

O documento aponta uma ligação entre os alimentos ultraprocessados, os pesticidas e os ecrãs, e as doenças crónicas que afetam as crianças. Também lança dúvidas sobre as vacinas.

Contudo, o estudo atribuiu os artigos oa cientistas que dizem não os ter escrito, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Os erros foram relatados pela primeira vez pela Notus, um veículo de comunicação afiliado no Allbritton Journalism Institute, uma organização sem fins lucrativos.

Artigos inexistentes

Noah Kreski, investigador da Universidade de Columbia e autor de um artigo sobre ansiedade e depressão em adolescentes durante a covid-19, garantiu à AFP que uma citação que lhe foi atribuída “não era de nenhum dos meus estudos” e, na verdade, parecia não pertencer a nenhum estudo existente.

A mesma citação aponta para um ‘link’ de Internet com defeito, supostamente redirecionando o leitor para um artigo de uma respeitada revista científica, o Journal of the American Medical Association (JAMA).

Jim Michalski, assessor de imprensa da associação, assegurou à AFP que este artigo não foi publicado na revista nem em nenhuma das revistas da rede JAMA.

Harold Farber, professor de pediatria no Baylor College of Medicine e citado no relatório, afirmou que o artigo que lhe foi atribuído “não existe”.

Da mesma forma, a Virginia Commonwealth University confirmou que o seu professor Robert Findling não era o autor de um artigo que promovia o uso de medicamentos psicotrópicos para jovens, como afirma o relatório.

Por fim, está em causa um artigo sobre tratamentos para pessoas com défice de atenção não foi publicado na revista Pediatrics em 2008, como afirma o relatório da responsabilidade do secretário de Estado da Saúde, Robert Kennedy Jr.

“Posso confirmar que não encontrámos este título numa pesquisa num site“, apontou Alex Hulvalchick, secretário de imprensa da Academia Americana de Pediatria.

O Departamento de Saúde norte-americano recusou comentar e encaminhou as perguntas sobre estes alegados erros para a Casa Branca.

A divulgação do relatório “Make America Healthy Again” era aguardada com grande expectativa pelos profissionais de saúde devido à sensibilidade e complexidade da questão, bem como ao papel central desempenhado por Robert Kennedy Jr., que tem sido criticado pela sua postura antivacinas.

// Lusa

4 Comments

    • Vamos começando a habituar. Daqui a pouco vamos ter o mesmo com o Chega. cá para estes lados. Afinal é tudo farinha do mesmo saco. Mais uma vez a culpa não é do Trump nem do Chega, mas sim de quem lhes dá o poleiro.

      • Como que os últimos 51 anos o Chega tivesse sido o problema… visão curta a sua… Não sei como ainda não se habituou às repetições PS e PSDois… mas concordo a culpa é quem lhes deu o poleiro… eles enchem-se todos de dinheiro…

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