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Relatório revela campanha de desinformação russa que opera há seis anos

Um relatório publicado na terça-feira revelou que, nos últimos seis anos, um grupo russo divulgou histórias falsas, em sete idiomas e em 300 plataformas de media, visando, sobretudo, desacreditar a Ucrânia e reforçar a Rússia.

Segundo noticiou a NPR, através da operação denominada pelos investigadores como “Infeção Secundária”, o grupo divulgou propaganda pró-Rússia, compartilhando ‘tweets’ falsos de autoridades eleitas dos Estados Unidos (EUA) e teorias da conspiração sobre a covid-19. Além disso, tentou interferir nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e, provavelmente, tentará espalhar outras ‘fake news’ ligadas às eleições de novembro.

“Não sabemos se foi [a operação] foi administrada pelo Governo, associada ao Governo, ou por um grupo que queria apoiar o Governo”, disse Ben Nimmo, diretor de investigações da agência Graphika. “Mas o tom e o contexto geral deixam claro que esta foi uma operação que estava a tentar apoiar o Governo russo e atacar e minar os seus críticos”.

A campanha foi identificada pela primeira vez pelo Facebook em maio deste ano e, desde então, a gigante da tecnologia e outras plataformas têm estado a trabalhar para a bloquear. A operação continua ativa, embora os investigadores acreditem que, desde que foi exposta, a atividade do grupo diminuiu.

Este relatório é a contribuição mais recente sobre a desinformação ‘online’, numa altura em que as plataformas de media debatem sobre a melhor forma de controlar o conteúdo falso, destinado a explorar divisões e a causar caos em torno de crises ou eleições nacionais.

De acordo com Nimmo, a campanha “Infeção Secundária” quase nunca funcionou.

Em conjunto com as equipas de segurança do Facebook, do Twitter e de outras empresas de tecnologia, os investigadores identificaram mais de 2.500 peças de desinformação ligadas ao grupo. Quase todas fracassaram, podendo significar que o grupo foi mais impulsionado por algum financiamento do que pelo impacto ‘online’, referiu a NPR.

Em outubro de 2019, contudo, ‘hackers’ divulgaram documentos comerciais entre os EUA e a Grã-Bretanha, algo que esteve nas notícias do Reino Unido durante uns dias. Segundo Nimmo, este é o único exemplo da campanha de desinformação do grupo russo que teve algum impacto.

O relatório agora divulgado descortinou também novas técnicas de desinformação. Ao invés de se concentrar em várias plataformas populares e construir um grande número de seguidores, a operação “Infeção Secundária” adotou o caminho oposto, criando contas falsas, nas quais espalhava informação falsa, que depois abandonava completamente.

A NPR indicou que o conteúdo da propaganda visava desacreditar a Ucrânia e reforçar a Rússia. Algumas publicações vinculavam Hillary Clinton a homicídios, enquanto outras indicavam que a chanceler alemã Angela Merkel era alcoólatra.

Nessas contas, além de outros rumores infundados, foram igualmente divulgados documentos falsificados e mensagens falsas, incluindo um ‘tweet’ do senador norte-americano Marco Rubio, que acusava as autoridades britânicas de espionarem o Presidente dos EUA, Donald Trump.

“Às vezes nem sequer escreviam o nome do político corretamente”, contou Nimmo. “Eles não parecem muito bons na criação de conteúdo viral”.

Denominada pelos investigadores como “Infeção Secundária” – em referência à “Operação Infeção”, na qual os EUA foram acusados de criar o vírus da SIDA -, esta operação é apenas uma parte do conteúdo falso e distorcido que sai da Rússia, concluiu Nimmo.

ZAP //

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