Acreditava-se que estas células das plantas de quinoa serviam para resistir à seca e à salinidade, mas agora sabe-se que servem como uma defesa contra doenças e pragas.
Investigadores da Universidade de Copenhaga fizeram uma descoberta inovadora sobre as plantas de quinoa, desafiando uma crença de 127 anos sobre os seus mecanismos de sobrevivência.
Ao contrário das suposições de longa data de que as células vesiculares na superfície do quinoa ajudavam a planta a resistir a condições de seca e salinidade, o novo estudo publicado na Current Biology revelou que estas células servem, na verdade, como defesa contra pragas e doenças.
O estudo utilizou tomografias computadorizadas (TC) para analisar estas estruturas únicas semelhantes a balões, conhecidas como células vesiculares, encontradas no quinoa.
Inicialmente consideradas como um método para a planta armazenar água e sal, a equipa, liderada pelo estudante de doutoramento Max Moog e pelo supervisor Michael Palmgren, descobriu uma função completamente diferente para essas células.
Através da sua pesquisa, que incluiu o cultivo de plantas de quinoa mutantes sem células vesiculares, a equipa descobriu que estas células não influenciam a capacidade da planta de tolerar sal e seca.
Em vez disso, as células vesiculares fornecem uma barreira física e química contra pragas. As plantas cobertas com células vesiculares tinham menos infestações de insetos em comparação com as mutantes. O conteúdo destas células, incluindo ácido oxálico, revelou-se tóxico para as pragas.
Além disso, as células vesiculares protegem a quinoa contra doenças bacterianas como Pseudomonas syringae, cobrindo parcialmente os estômatos nas folhas da planta e impedindo a entrada de bactérias. Os investigadores também hipotetizam que as células vesiculares oferecem proteção contra outras doenças de plantas, como o míldio.
Esta descoberta abre novas possibilidades para o cultivo de variedades de quinoa mais resilientes. A densidade das células vesiculares varia entre as diferentes variedades de quinoa, indicando que aquelas com maior densidade podem ser mais robustas contra pragas e doenças, mas ligeiramente menos tolerantes a sal e seca.
Os resultados do estudo sugerem assim que o cultivo de quinoa pode ser adaptado a várias condições regionais.
Por exemplo, na Europa do Sul, onde prevalecem condições secas, podem ser preferidas variedades de quinoa com menor cobertura de células vesiculares, enquanto na Europa do Norte, onde pragas são um problema maior, variedades com uma cobertura mais densa de células vesiculares seriam mais adequadas.