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Megaoperação da PJ. Funcionários do SEF, Fisco e Segurança Social detidos por corrupção na legalização de imigrantes

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Mário Cruz / Lusa

A Polícia Judiciária (PJ) fez nesta terça-feira buscas na zona da Grande Lisboa e deteve dezenas de suspeitos de fazerem parte desta organização criminosa liderada por advogados e que tinha perto de meia centena de operacionais no terreno a angariar “clientes”.

As autoridades acreditam que o esquema tinha lugar, pelo menos, desde 2015, ano a partir do qual conseguiram começar a identificar os milhares de imigrantes que foram alvo desta rede, noticiou o Diário de Notícias.

O grupo suspeito criava empresas fantasma para criar contratos de trabalho, também fictícios, para os imigrantes. Conseguia furar as demoras nos serviços do Estado, pagando a funcionários, para acelerar a obtenção dos necessários números de contribuinte e de segurança social e, no SEF, tinham a garantia da celeridade das autorizações de residência.

A título de exemplo, o funcionário da segurança social era corrompido com cerca de 200 euros por cada número novo que atribuísse aos ‘clientes’ do gangue.

Em alguns casos registados pela PJ, houve também a angariação de noivas para os chamados “casamentos brancos” – um imigrante casava com uma mulher de nacionalidade portuguesa e obtinha assim o visto comunitário. Os valores pagos chegaram a atingir os 12 mil euros.

Estão ainda identificados casos de goeses que obtiveram nacionalidade portuguesa através do esquema fraudulento destes advogados.

A maior parte das vítimas estava fora do espaço comunitário e estes vistos permitiam-lhes, através de Portugal, entrarem na União Europeia (UE). Boa parte nem sequer chegou a entrar no nosso país.

Em causa está prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva, falsidade informática, acesso indevido, branqueamento de capitais e associação criminosa.

Alguns dos detidos já estavam referenciados por vários crimes da mesma natureza. Um dos advogados que liderava o grupo já tinha sido condenado em 2013.

A inspetora do SEF, que estava colocada da delegação de Alverca, foi alvo de um processo disciplinar enquanto decorria esta investigação, mas por causa de outro caso, é constituída arguida no âmbito de um processo-crime com um esquema semelhante. Está suspensa de funções.

Em troca de avultadas somas de dinheiro e com a cumplicidade de funcionários do SEF, das Finanças e da Segurança Social, estes advogados facilitaram a entrada e a permanência de imigrantes ilegais no nosso país, principalmente brasileiros, africanos, paquistaneses, indianos, nepaleses e bangladeshianos.

Segundo as autoridades, esta associação criminosa complexa, muito profissional, aproveitou-se sem escrúpulos da vulnerabilidade dos imigrantes. Os investigadores registaram ainda a impunidade sentida pelos suspeitos, ouvidos em escutas a comentar que nunca seriam apanhados.

TP, ZAP //

4 Comments

  1. Se fosse só em Lisboa e Alverca estávamos bem, mas o pior é que este tipo de esquemas já se espalhou por todo o país. Já oiço falar deste tipo de esquemas à muito…muito tempo! Enquanto não acabar o “chico-espertismo” português estamos entregues à bicharada!

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