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Os recordes de atletismo sucedem-se em Tóquio – e a razão pode estar na pista

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Jeon Heon-Kyun / EPA

O cariz “extremamente rápido” da pista já foi destacado por vários atletas ao longo das olimpíadas de Tóquio. Tecnologia usada tem como objetivo salvaguardar a saúde dos atletas, mas também conferir-lhes um estímulo extra.

É já um fenómeno recorrente. De quatro em quatro anos – ou seja qual for o período do ciclo olímpico –, a realização de novas olimpíadas é sinónimo de quebra de recordes pessoais, nacionais, mundiais e olímpicos, com novas marcas máximas a serem estabelecidas em quase todos os eventos. A edição de 2020 não é exceção. Ou talvez sim.

É que desde que começaram as provas de atletismo, entre qualificações e finais, rapidamente se percebeu que a pista do estádio olímpico de Tóquio seria palco de momentos que vão perdurar na história da modalidade, com vários atletas a enaltecer o seu cariz “extremamente rápido”.

Agora, o homem que a idealizou, Andrea Vallauri, veio confirmar que a superfície pode mesmo aumentar entre 1-2% o rendimento dos atletas, o que faz dela a mais rápida da história. Este é um fenómeno também expectável, já que de ano para ano a tecnologia utilizada para projetar e produzir as pistas evolui – o que vai ao encontro dos desejos dos próprios organizadores e promotores dos eventos.

“Sempre que há Jogos Olímpicos tentamos melhorar a formulação do material e Tóquio não foi diferente”, disse Vallauri, funcionário da empresa Mondo que também já tinha sido responsável pela pista dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, realizados em 2016. “A pista é muito fina, cerca de 14 milímetros. Mas fizemos-lhe um acrescento: um granulado de borracha”, admitiu.

Na última camada da pista, revelou Vallauri, há um “design hexagonal que cria pequenas bolsas de ar”. Estas bolsas, afirma, “não só absorvem o impacto [das passadas dos atletas] como devolvem a energia”, uma espécie de efeito trampolim. “Melhorámos esta combinação e é por isso que estamos a ver estas prestações”, disse, citado pelo jornal britânico The Guardian.

O responsável defende-se ainda de qualquer acusação de ilegalidade no processo de produção do equipamento. “Está completamente dentro das regras, mas também é o que nos foi pedido que providenciamos, dois componentes”, disse. A composição deverá, por um lado, “proteger a saúde dos atletas” – reduzindo o risco de lesão – e, por outro, “dar-lhes um estímulo”.

O impacto na performance dos atletas já era visível no laboratório, quando a Mondo estava a idealizar e a produzir a pista, avançou Vallauri, num processo que se assemelha à construção de um pneu de Fórmula 1. “É tudo pré-fabricado, por isso todas as pistas de corrida são iguais, assim como as usadas para o triplo salto e o salto em comprimento.”

Para além da composição e formulação da pista, outros fatores estão a ser apontados pelos atletas como justificação para as marcas históricas que têm vindo a ser estabelecidas. É o caso das sapatilhas que a Nike produziu para os atletas por si patrocinados – e que já têm sido alvo de contestação –, mas também as temperaturas registadas na capital nipónica.

ARM, ZAP //

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