As comissões de classificação de filmes são uma das mais perversas “máfias” que continuam a ter poderes de censura, e para alertar para essa situação um cineasta britânico decidiu fazer um filme com mais de 10h que se limita a filmar uma parede com tinta a secar.
A British Board of Film Classification (BBFC) já tem mais de um século de existência, e o seu nome original não engana quanto às suas funções: British Board of Film Censors.
O seu objetivo era precisamente o de evitar que fossem feitos filmes com conteúdos “indecentes”, incluindo não só as óbvias “cenas com homens e mulheres na cama”, como também “danças inapropriadas”, e “referências indevidas a políticos ou individualidades”.
Atualmente o nome tenta disfarçar as suas funções, mas a realidade é que se continua a estar perante uma comissão que tem poderes para cortar as cenas que considera inaceitáveis num filme.
E considerando que para um filme ser exibido publicamente no Reino Unido tem que ter a classificação da BBFC (e pagar por isso), já se percebe como um pequeno grupo de pessoas fica com o poder de decidir aquilo que acha aceitável que todos os outros vejam ou não.
O Paint Drying foi um projeto criado pelo realizador e crítico de cinema Charlie Lyne e concretizado graças ao crowdfunding para chamar a atenção para esta situação, com o objetivo de fazer o filme mais chato possível só para dar trabalho aos “visionadores” da comissão.
Todas as contribuições serviam para prolongar a duração do filme (uma vez que a comissão cobra um valor fixo acrescido de um valor por cada minuto de duração) e com um valor angariado de 5.936 libras resultou um filme com 609 minutos, de tinta a secar numa parede.
São mais de 10h de filme que foi classificado pela BBFC como apropriado para todas as idades – o que implicou que dois dos seus membros ficaram 10h a olhar para o ecrã, para no final darem a sua avaliação.
£5,936 well spent. pic.twitter.com/DKfufcr4qk
— Charlie Lyne (@charlielyne) 26 janeiro 2016
Embora se pudesse imaginar que os “censores” simplesmente saltassem o filme para o fim, a comissão diz que tudo foi feito como a regras mandam, vendo o filme integralmente.
Alguns dos apoiantes sugeriram mesmo inserir alguns frames indecentes distribuídos ao longo das várias horas de filme, para comprovar se o filme ia mesmo ser visto – mas parece que o cineasta não quis estragar a sua obra prima.
Indiretamente, isto faz também com que o filme “Paint Drying” possa ser um dos mais pirateados de sempre…
Com efeito, embora tenha mais de 10h de duração, para descarregar da internet e ver o filme, basta simplesmente gravar a imagem acima para o seu computador e ficar a olhar para ela durante 609 minutos.
E pronto, já viu o filme.
O filme não é mau, mas gostei mais do livro !
Será que vai ter um SpinOff ?
Desculpe discordar de si Zé. Mas a gota a escorrer no tijolo da direita ultrapassa em muito a descrição no capitulo 3 do livro. Não me leve a mal.