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Da Noruega ao Canadá. Raposa fez 3.500 quilómetros em apenas 76 dias

(dr) Instituto Polar Norueguês

A raposa percorreu 3.500 quilómetros em 76 dias, sobre gelo. O feito impressionou os investigadores, que garantem que a velocidade é a “taxa de movimento mais rápida já registada nesta espécie”.

Tudo começou a 26 de março do ano passado, em Spitsbergen, no arquipélado de Svalbard, na Noruega. Nesse dia, uma raposa do Ártico (Vulpes lagopus) partiu do país nórdico, em um dispositivo GPS colocado numa coleira. Setenta e seis dias depois, chegou ao Canadá.

Após cerca de 3.500 quilómetros percorridos, a raposa chegou à ilha Ellesmere, no dia 1 de julho de 2018. Pelo meio, segundo o The Guardian, houve uma paragem na Gronelândia, a 16 de abril. A travessia surpreendeu os investigadores do Instituto Polar Norueguês, que garantem ter sido das mais longas algumas vez realizadas por animais. E a mais rápida da sua espécie.

A viagem do animal foi documentada pelo instituto numa investigação chamada A longa viagem de uma raposa fêmea através do gelo marinho. Uma vez que o percurso é um dos mais longos alguma vez registados, os investigadores chegaram mesmo a pensar que o dispositivo podia ter sido retirado da raposa e ter sido transportado a bordo de um navio.

Mas não, não há barcos que sigam para tão longe no gelo“, disse Eva Fuglei, investigadora do instituto norueguês.

O dispositivo eletrónico fornecia, todos os dias e durante um período de três horas, as coordenadas da raposa. De acordo com os dados recolhidos, o animal deixou Spitsbergen, na Noruega, a 26 de março de 2018 e ao final de 21 dias e 1.512 quilómetros sobre gelo marinho, fixou-se na Gronelândia a 16 de abril de 2018. Continuou o seu percurso até à ilha Ellesmere, no Canadá, onde chegou a 1 de julho do mesmo ano.

O percurso foi feito a uma velocidade média de 46,3 quilómetros por dia. Os investigadores notaram, porém, que quando a raposa passava pela Gronelândia, houve até um dia em que caminhou a 155 quilómetros. Segundo um comunicado dos investigadores, esta é, até agora, a “taxa de movimento mais rápida já registada nesta espécie“.

No entanto, segundo o Diário de Notícias, já não é possível identificar a atual localização do animal, uma vez que o seu localizador deixou de funcionar em fevereiro deste ano.

A equipa de investigadores que seguiu a raposa durante todos estes meses acredita que o animal terá recorrido ao gelo como o seu próprio meio de transporte para caminhar da Noruega até ao Canadá.

“O gelo marinho desempenha um papel fundamental no facto de as raposas das montanhas migrarem entre as áreas, encontrarem outras populações e encontrarem comida”, explicou Eva Fuglei.

A jornada, além de ter fascinado os cientistas, levantou algumas dúvidas e preocupações para o futuro do animal. Como explica o diário, os investigadores estão preocupados com o impacto da mudança climática no gelo marinho, que pode afetar a capacidade de os animais de migrarem.

O “gelo do mar é importante para a vida selvagem no Ártico” e esta é mais uma prova disso mesmo, segundo o ministro do Meio Ambiente norueguês, Ola Elvestuen, que sublinha ainda que “o aquecimento no norte é assustadoramente rápido” e, por isso, é preciso urgência no corte de emissões.

ZAP //

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