Ramalho Eanes deixa avisos sobre as Forças Armadas e o 25 de Novembro

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Tiago Petinga / Lusa

O antigo presidente da República, António Ramalho Eanes

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes está preocupado com a actual situação “muito complicada” das Forças Armadas e considera que “o esquecimento do 25 de Novembro não ajuda a democracia”.

O antigo Chefe de Estado, de 89 anos, é o presidente da Comissão Nacional das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e lamenta que ainda “há preconceitos por ultrapassar” quanto à nossa História recente, nomeadamente no que se refere ao 25 de Novembro.

Estas declarações foram prestadas à RTP1, durante uma entrevista conduzida pela jornalista Fátima Campos Ferreira no programa “Palavra que conta”.

“O esquecimento do 25 de Novembro não ajuda a democracia, porque a História não se apaga e é regressando à História, não endémica e nostalgicamente, que aprendemos a evitar erros futuros“, destaca Ramalho Eanes.

“A democracia foi prometida no 25 de Abril, com estado de direito e eleições livres, mas o 25 de Novembro foi a continuação do 25 de Abril“, continua o antigo Presidente que diz não perceber que “estigmatizem essa data”.

Ramalho Eanes também nota que, “entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro, houve um período muito complicado em que alguns grupos tentaram impor as suas ideologias”. “Mas o MFA não permitiu”, realça.

O ex-Presidente impediu, na altura, a ilegalização do PCP e reforça, agora, que “todos os partidos eram indispensáveis”.

“Nas Forças Armadas, quase tudo está mal”

Na entrevista à RTP1, Ramalho Eanes também comenta a situação actual das Forças Armadas, considerando que “é muito complicada“.

“Nas Forças Armadas, quase tudo está mal”, lamenta, frisando que “os chefes de Estado Maior fazem das tripas coração“.

Se a actual situação se mantiver, “as Forças Armadas caminham para uma irrelevância“, alerta. “Há amigos meus que dizem que caminham para uma nulidade”, sublinha, considerando, contudo, que é “um exagero”, embora não seja “tão exagerado quanto parece”.

Ramalho Eanes critica a degradação progressiva do estatuto dos militares na comparação com as forças de segurança, e defende a necessidade de tornar a carreira militar “mais atractiva para os jovens”.

“O que é necessário é que se definam políticas de recrutamento, de retenção, de modificação da condição militar”, prossegue, manifestando-se contra o serviço militar obrigatório.

“A preparação dos militares exige muito tempo, muito investimento, muita tecnologia. Hoje não é possível ter um Exército só de voluntários“, aponta.

ZAP //

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2 Comments

  1. Senhor ex-presidente Ramalho Eanes, como vê, o mundo mudou e o gosto por 25 de novembro não voltou, excepto para alguns saudosistas, desses que proclamam o livro partilhado pela sua excelentíssima esposa.
    É a vida, e o que for soará.
    Manter-se-ão contudo, as benesses que enquanto PR ofereceu ao seu distrito de eleição – castelo branco – subtraídas à cidade da Covilhã, onde existiam por mérito e esforço dos seus atuais e antepassados homens e mulheres, de muita honra e valor.

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