Chefe da Força Aérea contra o serviço militar obrigatório

Presidência da República

Cartaxo Alves, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea.

“O SMO não é uma solução para o problema”, pelo menos no caso da Força Aérea, acredita Cartaxo Alves. O que é preciso é melhorar as condições em três pilares — há militares que chegam a pagar 150 mil euros para se desvincularem.

O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea recusou que o serviço militar obrigatório (SMO) seja uma solução para a falta de efetivos naquele ramo militar, insistindo nas condições de remuneração, reforma e saúde.

“No caso da Força Aérea, o SMO não é uma solução para o problema. A Força Aérea ainda é muito atrativa para o recrutamento”, defendeu o general Cartaxo Alves em entrevista ao DN e à TSF, admitindo que, “noutros ramos, o recrutamento é fundamental e realmente é necessário”, e considerou que esta “é uma discussão que tem de ser feita ao nível dos cidadãos, quer militares, quer civis”.

Naquele ramo das Forças Armadas a falta de efetivos prende-se sobretudo com a capacidade de retenção, que tem a ver com “a atratividade das Forças Armadas”, e a “valorização da condição militar” e da carreira, que coloca em três pilares.

“Condições de trabalho, boas condições de remuneração e uma reforma dentro dos parâmetros que lhes permitam ter condições de bem-estar futuramente no final da sua carreira”, sustentou o chefe da Força Aérea.

Cartaxo Alves salienta que “o mercado é voraz” e faz uma grande competição com a Força Aérea, não só na atratividade para pilotos, mas também engenheiros, médicos, controladores de tráfico aéreo, técnicos de manutenção, e outros, e sublinha que foi sobretudo a alteração das condições de reforma, com a passagem da Caixa Geral de Aposentações para a Segurança Social que desequilibrou o jogo.

“Os vencimentos nas Forças Armadas não se comparam, nem se podem comparar, com os do mundo empresarial , mas antigamente tinham uma grande garantia. No final da sua carreira os militares tinham uma reforma digna e que podiam ter um bem-estar para si e para a sua família. Neste momento, as condições de reforma serão muito diferentes”, sustentou.

De acordo com o chefe da Força Aérea, há militares que chegam a pagar 150 mil euros para se desvincularem.

Outro pilar é “a saúde e a saúde operacional, porque os militares para estarem em condições físicas e psíquicas, não só para cumprir as suas missões normalmente, mas também, no caso das Forças Nacionais Destacadas, para estarem presentes em diversos teatros de operações no âmbito da política externa do Estado, têm de estar em boas condições de saúde operacional e assistencial também”.

“Estando na frente, gostam de ter o respaldo com as suas famílias na saúde da família militar. O que é extraordinariamente importante. Estes são os dois grandes pilares que criam a valorização dessa carreira militar”, defendeu.

O general enaltece a formação que é feito no seio da Força Aérea e também as condições tecnológicas, sendo que os seus militares “trabalham com sistemas que, em alguns casos, ainda não estão disponíveis na aviação civil”.

O debate sobre o regresso do SMO tem marcado os últimos dias. Em Portugal, há quem concorde, há quem discorde e ainda há quem diga “depende”.

O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) manifestou-se na passada semana profundamente inquieto com o debate, apontando que as carreiras da Defesa devem ser “atrativas e não coercivas” – a mesma visão é defendida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

ZAP // Lusa

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