Arqueólogos usaram raios cósmicos para datar assentamento secreto na Grécia

Marco Hostettler / University of Bern

Investigadores usaram uma técnica inovadora, que recorre a raios cósmicos, para datar com maior precisão um assentamento na Grécia.

Na ausência de máquinas do tempo, os arqueólogos tiveram de arranjar soluções para desvendar os segredos do passado. Duas das técnicas mais conhecidas são a datação por radiocarbono e a dendrocronologia.

A datação por radiocarbono mede a quantidade de carbono-14 numa amostra para determinar a sua idade, enquanto a dendrocronologia envolve a contagem dos anéis das árvores para datar artefactos de madeira.

Estes métodos são bastante úteis, mas têm as suas limitações, especialmente em determinadas regiões. Uma dessas regiões é o Mediterrâneo, onde não existem cronologias contínuas de anéis de árvores.

“Na Europa Central, existe uma cronologia de anéis de árvores que remonta a quase 12.500 anos no passado – ao ano 10.375 a.C. No entanto, esta cronologia só se aplica a determinadas regiões. Não existe uma cronologia consistente para a região mediterrânica”, explica Andrej Maczkowski, da Universidade de Berna, citado pelo Popular Mechanics.

Maczkowski e a sua equipa enfrentaram este desafio no sítio arqueológico de Dispilio, no Lago Orestida, no norte da Grécia. Os métodos tradicionais permitiam obter datas aproximadas, mas sem precisão.

Para aperfeiçoar as suas estimativas, os investigadores recorreram a um método inovador que envolve raios cósmicos, especificamente os eventos Miyake.

Batizados com o nome da física japonesa Fusa Miyake, que os descobriu em 2012, os eventos Miyake são influxos de raios cósmicos pré-históricos resultantes de enormes erupções solares.

Estes eventos aumentam significativamente o teor de carbono-14 nas árvores, criando marcadores distintos que podem ser utilizados para datar achados arqueológicos com exatidão.

Em 2022, investigadores da ETH Zurich identificaram um evento Miyake que ocorreu em 5.259 a.C., próximo da data estimada para o estabelecimento da povoação de Dispilio. Ao analisar 787 peças de madeira do local, a equipa de Maczkowski criou uma cronologia de anéis de crescimento que abrange aproximadamente três séculos, terminando em 5.140 a.C.

Isto permitiu-lhes identificar as fases de construção da povoação entre 5.328 e 5.140 a.C. Os resultados do seu estudo foram recentemente publicados na revista Nature Communications.

“Esperamos que outras cronologias para a região deste período possam agora ser ligadas à ‘Cronologia de Dispilio’ numa sucessão rápida”, disse Maczkowski. “Isto abre caminho ao desenvolvimento de uma dendrocronologia regional para o sul dos Balcãs”.

ZAP //

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