O famoso radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, está sob risco de colapso, depois dos danos sofridos nos últimos meses. A agência responsável pelo observatório decidiu que a melhor solução é o desmantelamento.
A Fundação Nacional da Ciência (NSF) anunciou, esta quinta-feira, que o emblemático Observatório de Arecibo, em Porto Rico, vai ser desativado, uma vez que os danos sofridos nos últimos meses tornaram o processo de reparação demasiado perigoso, avança o site Live Science.
Em agosto, o radiotelescópio ficou com um enorme buraco, com cerca de 30 metros de comprimento, depois de um cabo auxiliar ter rompido, caído e batido na estrutura. Entretanto, em novembro, a rutura de um segundo cabo complicou ainda mais a situação.
Numa conferência de imprensa, realizada esta quinta-feira, Sean Jones, diretor assistente da Direção de Ciências Matemáticas e Físicas da NSF, explicou que “o objetivo era encontrar uma forma de preservar o telescópio sem colocar a segurança de ninguém em risco.”
“No entanto, depois de termos recebido e analisado as avaliações de engenharia, não encontrámos nenhum caminho a seguir que nos permitisse fazê-lo com segurança. E sabemos que atrasar a tomada de decisões só deixa toda a instalação sob risco de colapso, colocando desnecessariamente em risco as pessoas e as outras instalações”, declarou.
“Atualmente, o telescópio corre sérios riscos de um colapso inesperado e descontrolado. De acordo com as avaliações de engenharia, até mesmo tentativas de estabilizar ou testar os cabos podem resultar na aceleração desta falha catastrófica. Os engenheiros não conseguem dizer-nos a margem de segurança da estrutura, mas informaram à NSF que entraria em colapso por conta própria num futuro próximo”, disse, por sua vez, Ralph Gaume, diretor da Divisão de Ciências Astronómicas da NSF.
Guame acrescentou que a agência irá trabalhar com os cientistas que planeavam usar o radiotelescópio e outras das suas instalações para realocar estes projetos de pesquisa sempre que possível. “Parte da ciência do Arecibo será transferida, outra parte não”, disse.
Segundo o mesmo site, os responsáveis também adiantaram que, se for possível desmantelar o radiotelescópio de forma controlada, outros elementos – como o centro de visitantes, um instrumento de ciência atmosférica neste local e uma segunda ferramenta atmosférica na ilha vizinha de Culebra – poderão manter-se.
Construído em 1963, este já foi o maior telescópio do mundo, com um diâmetro de 305 metros, e manteve esse estatuto durante 53 anos, até ser ultrapassado pelo Radiotelescópio Esférico com 500 Metros de Abertura (FAST) da China.
O Arecibo alcançou dezenas de marcos astronómicos, tendo observado e registado novas medições científicas de exoplanetas, asteroides, pulsares, emissões de rádio e moléculas em galáxias distantes. Além disso, um dos seus principais propósitos também tem sido a busca por vida extraterrestre, através do projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence).
Na mesma conferência de imprensa, os responsáveis enfatizaram que não estão a desativar o Observatório de Arecibo como um todo e que pretendem assegurar o seu futuro, pois reconhecem a sua importância em Porto Rico.
“Estamos a discutir o desmantelamento de uma estrutura feita de aço e cabos, quando, na verdade, são as pessoas que têm as ideias. Foi a ideia da descoberta que deu início à sua construção, é a paixão das pessoas que trabalham nele e a vontade de continuar a explorar e a aprender que fazem o verdadeiro coração e alma de Arecibo. Não é o telescópio que é o coração e a alma deste projeto, são as pessoas”, destacou Ashley Zauderer, uma das diretoras do programa do observatório na NSF.