Furto instalou o caos no Pingo Doce de Cedofeita, no Porto. Terão aparecido “10/12 agentes” dentro da loja e “imensos carros da polícia e mais 15 agentes” para travar sem-abrigo. O povo fala em “agressões e pancadas com cassetete”, mas Jerónimo Martins nega tudo.
Instalou-se o caos esta terça-feira no Pingo Doce de Cedofeita, no Porto, onde um furto resultou na detenção de duas pessoas e na apresentação de uma queixa por outra.
Tudo aconteceu pelas 17h, quando um homem de 41 anos, residente no Porto, foi “acusado de ter passado as linhas de caixa sem pagar produtos de beleza no valor de 40 euros”, material que terá escondido na mochila, disse à Lusa, esta quinta-feira, o Comando Metropolitano da PSP do Porto.
“O gerente do supermercado e o vigilante fizeram a entrega do homem sob detenção. Vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido”, descreveu fonte da PSP.
Além da detenção do suspeito de furto, foi detida uma mulher de 28 anos, residente em Vila Nova de Gaia, por “resistência e coação a agente de autoridade”.
Na sequência do acontecimento, uma outra mulher, de 31 anos, residente no Porto, apresentou queixa de um agente da PSP por “ofensa à integridade física” na esquadra de Cedofeita, disse a própria à Lusa, acrescentando que “se recusaram a dar a identidade do polícia agressor”.
A apresentação da queixa contra o agente da PSP foi também confirmada pela PSP do Porto, que adiantou que a mulher foi assistida por uma ambulância no local.
O povo conta outra história: tudo começa num saco de ervilhas congeladas
Nas redes sociais circulam relatos de pessoas que dizem ter presenciado “um episódio de racismo por parte de um segurança a um sem-abrigo” que terá tentado furtar naquele supermercado “um champô e um saco de ervilhas congeladas” e, posteriormente, a uma intervenção policial com “10/12 agentes” dentro da loja e “imensos carros da polícia e mais 15 agentes” no exterior.
Os relatos, que contam com dezenas de partilhas e comentários, dão conta de “agressões e pancadas com cassetete” a pessoas que terão tentado impedir a polícia e o segurança de, alegadamente, exercer violência sobre o homem.
“Muita gente interveio, incluindo funcionários do Pingo Doce, porque viram que a situação estava a escalar de uma maneira que não era suposto. O gerente de loja chegou a aceitar que nós pagássemos o que ele [sem-abrigo] tinha tirado, mas o segurança pegou em dois carrinhos e manteve-o preso. Depois, para aí 10 polícias com coletes à prova de bala entraram na loja. Eu, para defender uma terceira pessoa — uma rapariga que foi empurrada contra a parede para ser algemada — toquei no braço de um deles e ele deu-me com o cassetete na parte de trás do joelho e nas nádegas”, descreveu Inês Rodrigues que, em seguida, apresentou queixa na PSP e dirigiu-se depois ao Hospital dos Lusíadas.
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No relatório hospitalar lê-se: “vítima de agressão por cassetete de polícia [que] resulta [em] hematoma nas nádegas e no terço inferior da face posterior da coxa e escoriação da face anterior do punho esquerdo”.
Inês Rodrigues indicou ainda que, na quarta-feira, foi ao Instituto de Medicina Legal, mas o relatório foi enviado diretamente para o Ministério Público.
Na quinta-feira, a vítima dirigiu-se ao próprio Ministério Público e foi informada que será em breve chamada para prestar declarações.
Jerónimo Martins nega agressões
Em nota enviada à agência Lusa, o grupo Jerónimo Martins, que gere a cadeia de supermercados Pingo Doce, negou que tenham sido cometidas agressões por parte do vigilante da loja de Cedofeita, e apontou que as autoridades tomaram conta da ocorrência.
“Informamos, após averiguação, não ter sido cometida nenhuma agressão por parte do vigilante de serviço naquele Pingo Doce ao senhor que foi surpreendido a furtar produtos de higiene pessoal, facto captado no sistema de videovigilância da mesma. As autoridades foram prontamente chamadas ao local para tomar conta da ocorrência”, lê-se na resposta enviada à Lusa.
O Comando Metropolitano da PSP do Porto pediu já ao estabelecimento comercial da cadeia Jerónimo Martins que sejam preservadas as imagens de videovigilância.
A agência Lusa solicitou informações junto do Ministério Público e aguarda resposta.
ZAP // Lusa
“O gerente do supermercado e o vigilante fizeram a entrega do homem sob detenção. Vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido”
— estamos a ver o filme… provavelmente membros de uma certa e determinada minoria étnica. Umas vítimas.
Muito bem. Já é hora de a polícia acordar para a realidade.
Os funcionários e os seguranças de estabelecimentos comerciais quando é com um certo grupo étnico fazem de conta que são cegos e assobiam para o lado. Há pois é… Ser valentão com um sem abrigo é fácil.
Tarda a implementação das body cam’s para acabar de vez com a abominação das forças policiais e angelização dos detidos, tal como o chavão do racismo sempre que se fala de outra etnia ou cor que mais parece que violência policial é diferente consoante a raça.