É o bairro mais exclusivo de Portugal (mas também tem a reputação de ser o “mais rico bairro clandestino da Europa”).
Calmo, agradável e (muito) luxuoso, é o refúgio dos mais abastados de Portugal. A apenas a 25 minutos a oeste de Lisboa, em Cascais, o bairro mais exclusivo de Portugal já abriga a gigantesca mansão de Cristiano Ronaldo, que pode vir a tornar-se a casa mais cara do país.
Aninhada no Parque Natural Sintra-Cascais e rodeada pelo Atlântico, a Quinta da Marinha não atraiu apenas a atenção do craque português. As atrizes Catarina Gouveia (que tem a sua casa no bairro à venda por 2,3 milhões), Alexandra Lencastre (que vendeu a sua propriedade na área por 2 milhões de euros) e a socialite Lili Caneças são alguns exemplos de proprietárias na zona residencial à beira-mar.
A casa de reforma de Ronaldo
A construir uma mansão extravagante para a sua vida pós-carreira, a enorme propriedade de Cristiano Ronaldo tem uma suite principal com 300 metros quadrados e uma piscina interior com paredes de vidro.
A casa — que já está concluída — tem 900 metros quadrados de área, com um sistema de aquecimento inteligente, ginásio, piscinas interior e exterior, sala de massagens, cinema privado e uma garagem bem espaçosa, com capacidade para 20 carros do astro.
A decoração da propriedade de três andares inclui materiais e acabamentos de luxo, como mármore italiano, torneiras de ouro maciço e até um mural exclusivo da Louis Vuitton criado especialmente para a residência, de acordo com o portal Idealista.
O jogador de 39 anos adquiriu uma área de 8.991 metros quadrados, num investimento de cerca 20 milhões de euros. A sua mansão poderá tornar-se a casa mais cara de Portugal.
Golfe, hotéis, restaurantes e escolas de prestígio
Além do luxo óbvio, a privacidade e a beleza paisagística à beira-mar são traços cobiçados pelos mais ricos no bairro ‘lowkey’, apesar da proximidade com a agitada cidade de Cascais.
Além de ter a a terceira rua mais luxuosa de Portugal (a Rua das Palmeiras, com um preço médio por propriedade de 3.187.636, de acordo com um estudo do Idealista), a Quinta da Marinha conta com dois campos de golfe privados — o Oitavos Dunes e Quinta da Marinha Golf —, instalações equestres de classe mundial e um health club da mais alta qualidade.
O Centro Hípico da Quinta da Marinha, em particular, é um local de renome que atrai os melhores concorrentes internacionais, enquanto o health club oferece um espaço para os residentes nadarem, fazerem sauna e manterem-se em forma.
O bairro é também o lar de hotéis de cinco estrelas e de restaurantes de luxo.
O seu Hotel Onyria da Marinha Hotel, detido pelo grupo Onyria, negócio de família com história na quinta, é premiado na área da sustentabilidade, nomeadamente graças ao seu compromisso com o projeto Girl Move Academy, reconhecido pela UNESCO como um dos melhores programas educativos para meninas e mulheres.
O restaurante Fortaleza do Guincho, com estrela Michelin, oferece opções de cozinha portuguesa gourmet com ingredientes de origem local, e outros restaurantes premiados, como o Monte Mar e as Furnas do Guincho, oferecem marisco excecional em cenários panorâmicos à beira da falésia.
A área privilegiada também tem escolas internacionais de prestígio nas proximidades, como a Carlucci American International School of Lisbon.
Um ‘ímane’ para investidores internacionais (com novas exigências)
A exclusividade da Quinta da Marinha tornou-a numa espécie de ímane para investidores internacionais, especialmente vindos do Brasil e dos Estados Unidos.
Com cerca de 30 mil estrangeiros a viver em Cascais, a área é um ‘mix’ de nacionalidades, na sua maioria advogados, engenheiros e diretores executivos que se deslocam a Lisboa para trabalhar. São atraídos pela segurança, clima e proximidade de Lisboa.
A construção da Quinta da Marinha começou na década de 1920, com as primeiras moradias a serem construídas na década de 1960. Atualmente, o bairro está em grande parte construído (restam apenas alguns lotes de terreno).
O parque habitacional é predominantemente constituído por moradias isoladas, incluindo grandes casas senhoriais de meados do século XX que estão a ser gradualmente substituídas ou renovadas para responder às exigências dos milionários.
De acordo com os especialistas imobiliários, a Quinta da Marinha tem registado uma mudança para um grupo demográfico mais jovem nos últimos anos, com famílias que procuram caraterísticas modernas, como piscinas e ginásios em casa, que não eram comuns quando as casas mais antigas da zona foram originalmente construídas.
Foi essa mesma procura que impulsionou um dos mais recentes projetos no luxuoso bairro. A criação da “Infinite House” (Casa Infinita), a primeira casa de luxo com elementos 3D do mundo.
Infinite House
Com um preço estabelecido em 15 milhões de euros, a obra desenvolvida pela empresa Litehaus conta com o contributo do arquiteto Marco Martínez Marinho — conhecido pela sua participação na série da Netflix “As Casas Mais Extraordinárias do Mundo” — e incorpora elementos de arquitetura 3D num ambiente luxuoso.
Com uma área de 509 metros quadrados, a nova mansão — disponível para venda a partir de dia 24 de setembro — , terá dois andares, uma cave e seis quartos, incluindo uma suite principal e um quarto de hóspedes, além de várias suites secundárias e um quarto de serviço.
A casa também inclui duas cozinhas, um ginásio, um spa, uma lavandaria, uma garagem para quatro carros, um jardim, uma piscina e um terraço e será equipada com um sistema de energia fotovoltaica. Um elevador interno facilitará a circulação.
A residência é inspirada nos números 8 e 0, símbolos de continuidade, equilíbrio e associados ao infinito, que dá nome à obra. Vista de cima, a casa assemelha-se mesmo a um símbolo do infinito, com duas estruturas ovais interligadas e fachadas em cimento impresso em 3D.
O lado inspirado no número 8 conta com janelas amplas que promovem a conexão entre o interior e o exterior — um símbolo da abundância e fluxo contínuo da vida, explica o arquiteto ao Diário Imobiliário; já a parte inspirada no número 0 destina-se à contemplação e tranquilidade, com quartos minimalistas que capturam momentos de serenidade, como o nascer e o pôr do sol.
Segundo o arquiteto, o número 0 representa o potencial ainda não manifestado, enquanto o 8 simboliza o crescimento contínuo. Juntos, expressam o ciclo da vida e a transição entre o invisível e o visível.
Os preços
As propriedades começam em cerca de 3,5 milhões de euros para casas mais antigas que podem ser demolidas para novas construções, enquanto as residências contemporâneas podem atingir os 25 milhões de euros.
As casas com vista para o mar têm, naturalmente, os preços mais elevados, seguidas das que têm vista para os dois campos de golfe privados da zona. Em média, as propriedades situam-se em terrenos de grandes dimensões, com tamanhos que excedem os 2.000 m2.
A taxa de meio salário de Champalimaud
Por trás das cortinas, a Quinta da Marinha já foi palco de polémicas, como guerras entre proprietários e suspeitas de construções ilegais.
Em 2021, a “aldeia de luxo ilegal”, como outrora lhe chamou o jornal SOL, testemunhou uma batalha entre o empresário Miguel Champalimaud, que tinha na altura um novo empreendimento na área, Bloom Marinha, com proprietários da Quinta.
Depois de adquirir a Bloom Marinha na Rua das Palmeiras, o empresário quiscondicionar o acesso à rua e impediu o acesso às casas a vários proprietários. O custo da taxa de passagem? Meio salário mínimo nacional, , avançava o Jornal i.
Os cerca de 100 proprietários da Quinta da Marinha Original, zona norte do condomínio, viam-se obrigados a pagar uma taxa mensal equivalente a meio salário mínimo nacional para poderem ter acesso às suas residências. A servidão de passagem, exigida por Champalimaud, transformou o simples ato de ir para casa num processo burocrático e financeiro.
O objetivo de Champalimaud seria criar um condomínio fechado e exclusivo, com acesso controlado. Mas como seria de esperar, a nova taxa gerou revolta entre os proprietários.
Em 2016, o Jornal Sol já expunha as 25 ações que corriam na Justiça contra a sociedade exploradora, a Guia, S.A., e contra os donos das casas, que tinham pagamentos em atraso por não terem os serviços exclusivos do aldeamento. Muitos, queixavam-se de pagar comodidades — por vezes, até 2000 euros mensais — às quais não tinham acesso. Uma das queixas sugere até que o dinheiro proveniente dessas mensalidades era “canalizado” para o hotel da Onyria.