As imagens da bebé hipopótamo-pigmeu tailandesa Moo Deng conquistaram o mundo, tornando-se virais. A inocência do animal não deixa ninguém indiferente e está a motivar também actos do que se define como “agressão fofinha”.
“Vou comer Moo Deng e tornar-me na pessoa mais odiada da Internet”, escreve um utilizador da rede social X, o antigo Twitter, sobre o bebé hipopótamo-pigmeu que se tornou uma celebridade e uma obsessão mundial.
Já outro utilizador da mesma rede social refere que quer “um bolo de aniversário da Moo Deng” para “comer as gordurinhas”. Há ainda outro que imagina como “a Moo Deng ficaria saborosa num embrulho de alface“.
Entretanto, os visitantes do Jardim Zoológico Khao Kheow na Tailândia, onde o bebé hipopótamo-pigmeu vive, começaram a atirar água e objectos, como conchas, para dentro do recinto, para atrair a atenção do animal e provocar-lhe reacções. E claro que têm à mão os telemóveis para filmarem tudo!
A explicação para estes fenómenos de uma certa violência perante uma criatura tão querida pode estar no fenómeno psicológico conhecido por “agressão fofinha”.
Bebés atraem desejos de “agressão fofinha”
Os bebés humanos ou animais podem causar um impulso inesperado para uma certa violência – como o gesto de lhes apertar as bochechas.
Este dado é abordado numa pesquisa intitulada “Dimorphous Expressions of Positive Emotion: Displays of Both Care and Aggression in Response to Cute Stimuli” (Expressões dimorfas de emoção positiva: demonstrações de cuidado e agressão em resposta a estímulos fofos) que foi publicada em 2015, no portal científico Sage.
“As experiências extremamente positivas e as suas avaliações positivas produzem emoções positivas intensas que, muitas vezes, geram tanto expressões positivas (por exemplo, sorrisos) como expressões normativamente reservadas para emoções negativas (por exemplo, lágrimas)”, explicam os investigadores, sublinhando que estas últimas são “expressões dimorfas”.
É aqui que entra o conceito de “agressão fofinha”, como explica a psicóloga social Oriana Aragón, uma das autoras da pesquisa, em entrevista ao jornal online HuffPost.
“Normalmente, é uma sensação de ficar impressionado com a fofura e depois só apetece beliscar, apertar e morder“, destaca.
No caso de Moo Deng, as manifestações dos visitantes do zoo podem expressar essa “agressão fofinha” – “quero aproximar-me, quero tocar, quero irritar“, nota Aragón.
Mas por que é nos encantamos por Moo Deng?
O etólogo Konrad Lorenz criou o conceito de “Kindchenschema”, ou esquema de bebé”, que definia o conjunto de características infantis dos bebés, como cabeça e olhos grandes, e rosto redondo, que seriam “desenhados” para motivar o cuidado dos adultos.
Aragón diz que “o bebé hipopótamo tem realmente alguns destes esquemas de “Kindchenschema” – a redondeza, as pequenas dobras de gordura, coisas desse género – que estão definitivamente a atingir a medula”.
Quando vemos uma cria como Moo Deng “queremos tomar conta dela, dar comida, dar proteção” fruto dessa “programação biológica”, refere ainda a psicóloga social. “É, realmente, uma questão de sobrevivência da nossa espécie”, conclui.
Seja como for, Moo Deng está a crescer debaixo dos olhares dos holofotes da Internet, com tudo o que isso tem de bom, e de mau.