Esta sexta-feira, a Quercus denunciou que o Ministério do Ambiente quer colocar resíduos do Tejo dentro de uma área protegida. A associação alega ilegalidade e exige explicações do Governo.
A Quercus denunciou esta sexta-feira que o Ministério do Ambiente quer colocar os resíduos da ação de drenagem no rio Tejo em terrenos dentro da área protegida do monumento natural das Portas de Ródão. A associação alega ilegalidade.
“Do ponto de vista legal, a colocação de resíduos em terrenos dentro da área protegida do monumento natural das Portas de Ródão, é ilegal. O regulamento proíbe a deposição de resíduos. Têm que arranjar soluções que não na área protegida como monumento natural”, afirmou à Lusa Samuel Infante, da Quercus.
A operação de drenagem que está a ser preparada pelo Ministério do Ambiente pretende usar um terreno situado a cerca de 500 metros das Portas de Ródão. “Não me parece que numa área protegida se faça uma operação destas”, sustenta o ambientalista.
Apesar de admitir que esta operação de drenagem é importante para melhorar o problema no rio Tejo, Samuel Infante realça que é “apenas um penso na ferida” e que é preciso saber o que está no fundo do rio antes de se realizar a ação.
Fonte do Ministério do ambiente explicou que, quanto à localização do terreno, foram analisadas várias localizações possíveis. Ainda por escrito, adiante que, tendo em conta os inconvenientes para a população de Vila Velha de Ródão, a segurança da operação e as condições operacionais, “considera-se a escolha efetuada a melhor opção“.
Salienta ainda “que as análises realizadas não detetaram a presença nessas lamas de substâncias perigosas, ou seja, de metais pesados, pesticidas ou outros. Assim sendo, o material a extrair do rio Tejo, nestes locais, é considerado como resíduo não perigoso, não representando, assim, qualquer perigo”, lê-se na resposta.
A realização da campanha de prospeção, amostragem e caracterização analítica de sedimentos do rio Tejo, no troço Vila Velha de Ródão-Belver, permitiu identificar a existência de cerca de 30 mil metros cúbicos de lamas depositados no fundo do rio, avança fonte do ministério à Lusa.
Desse total, cerca de 12 mil metros cúbicos localizam-se junto à zona envolvente do emissário de Vila de Velha de Ródão, aos quais acrescem cinco mil e 14 mil metros cúbicos localizados no Cais do Conhal e a dois quilómetros a montante da Barragem do Fratel, respetivamente.
Na terça-feira foi efetuada nova inspeção subaquática na zona envolvente do emissário de Vila Velha de Ródão, com o objetivo de acompanhar e verificar as condições no seguimento das chuvas ocorridas nos últimos dias. A conclusão é que as condições se mantêm inalteradas.
“Do volume de lamas existentes no leito do rio, suscitam especial cuidado as lamas localizadas junto à zona envolvente do emissário de Vila Velha de Ródão, os quais ostentam caraterísticas distintas das lamas acumuladas nas restantes zonas, seja em termos de qualidade, seja em termos de odor”, conclui a fonte.
// Lusa