/

Nibelungos passaram pelo Porto — mas quem são os Nibelungos?

1

Concerto comentado sobre deuses, valquírias, dragões, anões e heróis – que ainda assustam alguns alemães. Obra original dura 15 horas.

A Casa da Música costuma ter concertos comentados. São concertos da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e acontecem aos domingos, às 12 horas.

São momentos dirigidos a famílias devido ao seu carácter mais informal e pedagógico. Há breves introduções explicativas e com exemplos ilustrativos que nos fazem descobrir a orquestra e os seus músicos.

São concertos que nos levam a ouvir a música de uma forma diferente, mais informada, aproximando o público de todas as idades das grandes obras do repertório sinfónico.

Nos concertos comentados, a conversa com o público junta-se à audição musical, proporcionando um conhecimento mais profundo e avisado sobre o que está a ser interpretado, reforçou a instituição, ao ZAP.

A música tem histórias que merecem ser contadas, pormenores musicais e históricos que pedem para ser conhecidos.

Neste domingo, 29 de Janeiro, foi a vez de os nibelungos chegarem à Casa da Música, através de excertos de O Anel do Nibelungo, obra do famoso compositor Richard Wagner. Houve excertos da versão instrumental dessa obra, acompanhados pela narração de alguns episódios.

Mas “Quem são os nibelungos?”

É a pergunta que surge no título do concerto e é a pergunta que originou as nossas pesquisas.

Mitos que ainda metem medo

Definição rápida que encontramos no nosso dicionário Priberam: “povo de anões da mitologia nórdica”.

Pronto, já percebemos que vamos entrar num mundo recheado de deuses, valquírias, dragões, anões e heróis – alguns dos personagens de O Anel do Nibelungo.

Já percebemos também, com ajuda de duas alemãs que vivem em Portugal, que os nibelungos ainda assustam alguns alemães. Sobretudo os mais pequenos, pois.

Estes “seres” já inspiraram livros, como o Los Nibelungos, ou séries, como O anel dos nibelungos (nome quase igual à tetralogia de Richard Wagner), que por cá passou na RTP.

A estação televisiva descreve a obra como uma “história emocionante perdida no tempo, a de Siegfried e a sua procura pela glória dos deuses e pela mulher que tem de escolher: Brunhild ou Kriemhild”.

The Nibelungen series, Ride of the Valkyries (1942)

Não vamos contar a história toda; não queremos estragar quem quer ver futuros concertos ou outros espectáculos sobre o assunto.

Mas podemos resumir. Embora haja muitas versões dentro da própria Alemanha – porque foram eventos que terão decorrido no século V depois de Cristo e que foram transmitidos “de boca em boca” durante 800 anos.

Os nibelungos, anões nórdicos, moravam em Nibelheim, um reino de neblina (nebel, em alemão) e escuridão, explica o portal Ensaios e Notas.

Nesta aventura, uma amizade masculina leva a uma aliança calamitosa e, por fim, ao desaparecimento de um povo, começa por analisar o canal Deustche Welle.

Kriemhild é a rainha. O seu marido é Siegfried, o herói da história. A rainha, orgulhosa, entra em confronto com a sua cunhada Brunhild. A cunhada, também orgulhosa, reage e elabora um plano para matar Siegfried, o marido de Kriemhild. Só Etzel, o segundo marido da rainha, sobrevive, em A Canção dos Nibelungos.

Versão de Wagner

A versão em O Anel do Nibelungo, de Richard Wagner, baseia-se mais numa perspectiva islandesa dos nibelungos, a lenda Volsunga Saga: anões que produzem ouro num reino subterrâneo e que vão construindo o maior tesouro do mundo. Mas também tem resquícios de A Canção dos Nibelungos e de Edda, poemas noruegueses antigos.

Há uma luta por uma herança entre príncipes, Siegfried intervém e acaba por matar os dois irmãos, Schilbung e Nibelung. O próprio Siegfried passa a ser nibelungo.

Nesta obra um anão, Gunther, forja o anel mágico do título oficial. E, diga-se, o herói Siegfried não é lá muito inteligente nesta versão – embora seja forte, valente. E tem uma espada especial – até mata um dragão e, com o sangue do animal, torna-se imbatível!

Voltando ao drama familiar: para conquistar Kriemhild, Siegfried contou com a ajuda do irmão da rainha, Gunther. Em compensação, Siegfried iria ajudar Gunther a conquistar Brunhild. Depois há capa mágica pelo meio, um homem pendurado na parede pelo seu cinto… E o tal roubo do anel.

Números invulgares

A epopeia germânica original – de autor desconhecido – tem 2.400 versos e foi escrita entre os anos 1200 e 1205, na região do Danúbio.

A obra de Wagner é uma tetralogia, como já foi mencionado: um conjunto de quatro óperas. Foi concluída 26 anos depois do seu início, a meio do século XIX. E a versão original dura… 15 horas.

É uma “obra de arte total” – um conceito estético associado precisamente a Richard Wagner, que junta numa obra de arte: música, teatro, canto, dança e artes plásticas.

O plano inicial de Wagner, lê-se na revista Convergências, seria um único drama intitulado A morte de Siegfried – que corresponderia à última noite, O Crepúsculo dos Deuses.

Alguém pensou no Senhor dos Anéis durante este artigo?

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.