Quem é Yoon Suk-yeol? O líder “antifeminista” da Coreia do Sul que venceu as “eleições Squid Game”

prachatai / Flickr

Yoon Suk-yeol, Presidente da Coreia do Sul

As opiniões dividem-se quanto a Yoon Suk-yeol. O novo Presidente da Coreia do Sul considera-se “antifeminista” e ajudou a derrubar alguns dos políticos mais corruptos do país.

Yoon Suk-yeol é o novo Presidente da Coreia do Sul, um dos poucos países a adotar o sistema presidencialista como forma de governo. O anterior líder sul-coreano, Moon Jae-in, estava impossibilitado de se recandidatar, já que apenas é permitido que o chefe de Estado desempenhe um mandato único de cinco anos.

Yoon venceu as eleições presidenciais no dia 9 de março por apenas 247.000 votos (0,07% do total), derrotando o liberal Lee Jae-myung. O escrutínio ficou conhecido como “eleições Squid Game”, em alusão à popular série da Netflix, ilustrando a dureza do confronto entre os dois candidatos.

Esta foi considerada uma das eleições mais “sujas” da história da Coreia do Sul, com acusações de corrupção e de vários escândalos.

O adversário liberal, Lee Jae-myung, foi associado a um escândalo de corrupção multimilionário quando era presidente da Câmara de Seongnam. Enquanto isso, a mulher do novo Presidente sul-coreano foi acusada no passado de aceitar subornos ou manipulação de ativos de ações.

Filho de um casal de professores universitários, Yoon Suk-yeol é um novato na política. Antigo procurador-geral de Justiça, Yoon entrou formalmente para a política partidária há menos de um ano.

Trabalhou no setor da justiça durante toda a vida. Formou-se em Direito na Universidade Nacional de Seul e só entrou na Ordem dos Advogados à nona tentativa, destaca o Expresso.

“Passei muitos anos da minha carreira a morar sozinho, enquanto trabalhava como promotor em gabinetes locais e regionais. Então, passei a cozinhar muito para mim e gostei. Julgo que aprendi habilidades naturalmente, a observar a minha mãe na cozinha quando eu era jovem”, disse o novo líder sul-coreano numa entrevista ao The Washington Post.

No discurso de vitória, junto à Assembleia Nacional, Yoon foi claro: “Esta é uma vitória para as grandes pessoas da Coreia do Sul”.

No entanto, há quem duvide que assim seja. O novo Presidente declarou-se “antifeminista”, tendo prometido abolir o Ministério para a Igualdade de Género. Apesar das evidências em contrário, Yoon alega que as mulheres sul-coreanas não sofrem discriminação sistémica.

Além disso, no ano passado, sugeriu que a redução da taxa de natalidade na Coreia do Sul era culpa das mulheres.

A popularidade e prestígio de Yoon dispararam quando liderou uma equipa de investigação a um escândalo de corrupção e abuso de poder envolvendo a então Presidente do país.

Park Geun-hye acabaria por ser impugnada e condenada a 25 anos de prisão. A ex-Presidente acabaria por ser indultada e libertada no ano passado.

Yoon também expôs casos de corrupção que implicavam membros do Governo de Moon Jae-in, o que levou os conservadores a escolhê-lo como candidato para estas eleições presidenciais.

O “plano ousado” para a Coreia do Norte

O novo Presidente disse, esta terça-feira, no discurso inaugural, que tem “um plano ousado” para melhorar a economia do Norte, caso Pyongyang abandone as aspirações nucleares.

“Embora seja verdade que os programas de armas nucleares da Coreia do Norte sejam uma ameaça não apenas à nossa segurança e à do nordeste da Ásia, a porta para o diálogo permanecerá aberta”, disse Yoon, perante cerca de 40 mil pessoas, nos jardins da Assembleia Nacional, o parlamento sul-coreano.

“Se a Coreia do Norte realmente embarcar num processo para completar a desnuclearização, estamos prontos para trabalhar com a comunidade internacional e apresentar um plano ousado que fortalecerá muito a economia da Coreia do Norte e melhorará a qualidade de vida do seu povo”, disse o conservador.

Yoon defendeu que o desarmamento da Coreia do Norte trará “paz e prosperidade” à península e também sublinhou a necessidade de impulsionar o crescimento doméstico.

“A nossa sociedade é atormentada por divisões e conflitos sociais que ameaçam a nossa liberdade e a nossa ordem democrática liberal”, disse o novo Presidente.

“Acho que não podemos superar esse problema sem primeiro alcançar um crescimento rápido e sustentável”, que “só será possível por meio da ciência, tecnologia e inovação”, disse Yoon.

O líder do Partido do Poder Popular iniciou o mandato à meia-noite (15h00 de segunda-feira em Lisboa), com uma videoconferência com o chefe do Estado-Maior Conjunto, Won In-choul, sobre a vizinha Coreia do Norte.

Yoon, antigo procurador-geral, ordenou aos comandantes militares que mantivessem a prontidão militar e disse que “a situação de segurança na península coreana é muito grave”.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

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