Manuela Ramalho Eanes, Leonor Beleza ou Toy: quem apoia Marques Mendes rumo a Belém

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Manuel de Almeida / LUSA

Luís Marques Mendes durante a apresentação da Comissão de Honra da sua candidatura à Presidência da República

“Eu tenho experiência”, disse o candidato. “O Presidente da República não é um árbitro”, avisou Leonor Beleza.

O candidato presidencial Luís Marques Mendes defendeu, esta terça-feira, que o cargo de Presidente da República “deve ser exercido por quem tem mais experiência política”, assegurando que “não é um voto no desconhecido nem um tiro no escuro”.

No discurso de encerramento da apresentação da comissão de honra da sua candidatura à Presidência da República, no edifício da UACS – União de Associações do Comércio e Serviço, Luís Marques Mendes defendeu o caráter “eminentemente político” do cargo de Presidente da República.

“Todos se podem, naturalmente, candidatar. Não é isso que está em causa. Mas aos portugueses compete avaliar. E desde logo deve ter em atenção isto. O cargo mais político na estrutura do Estado em Portugal deve ser exercido também pela democracia por quem tem mais experiência política. Nada disto é corporativo. Tudo isto é bom senso”, atirou.

Marques Mendes afirmou que os mais de 20 anos em cargos públicos e mais de 10 de comentário televisivo permitiram aos eleitores conhecê-lo “muito bem”, desde o seu pensamento político até aos seus defeitos.

Mendes – que tem com principais adversários assumidos nesta contenda eleitoral Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro – garantiu que um voto na sua candidatura “não é nem um voto no desconhecido, nem um tiro no escuro”, mas sim um “voto na experiência”.

O antigo presidente do PSD defendeu que a sua experiência política traduz-se em “segurança, previsibilidade e confiança”, e assegurou que a sua candidatura é uma “aposta na independência”.

Luís Marques Mendes afirmou também que avança para esta candidatura inconformado e com ambição de mudar Portugal, acrescentando que “ou se ajuda a mudar o país ou então o poder não serve para nada”.

“Sei bem que o Presidente da República não governa. Mas também sei bem que não pode ficar por generalidades ou lugares-comuns. Nas novas circunstâncias do Mundo, da Europa e de Portugal, a influência do Presidente da República não pode ser apenas a influência da palavra. O Presidente da República tem de passar a ser um mediador”, defendeu.

O antigo líder do PSD defendeu uma maior ambição de Portugal na política internacional, criticando o “silêncio absolutamente insuportável” sobre a crise humanitária em Gaza e pedindo uma “condenação firme” dos ataques israelitas.

O candidato presidencial disse que Portugal sublinhou que o país está na União Europeia, tem valores e “quando os valores são desprezados, o silêncio é absolutamente insuportável”, pedindo coerência na posição sobre os ataques israelitas na Palestina e a posição já assumida em relação aos ataques russos na Ucrânia.

“Não pode haver dois pesos e duas medidas. Israel tem o direito a defender-se e a responder ao ataque terrorista de que foi vítima em 2023. Mas a resposta é injustificadamente desproporcionada e a crise humanitária em Gaza é absolutamente intolerável. É preciso condenação firme e ação concreta em favor de vítimas inocentes e desprotegidas”, disse.

Comissão de honra

O cantor Toy, o apresentador António Sala e a antiga militante da IL Carla Castro são três das mais de 100 figuras que integram a comissão de honra da candidatura presidencial de Luís Marques Mendes, presidida por Leonor Beleza.

Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud e conselheira de Estado, também falou na noite passada e comentou que Marques Mendes como Chefe de Estado colocará os interesses do país acima de quaisquer outros, e argumentou que um Presidente da República “não é um árbitro”.

O Presidente da República não é um árbitro, não estamos no futebol aqui. Não tem o Presidente da República como árbitro que enfrenta as diferenças ou as competições entre distintas equipas. O Presidente da República é ele próprio um ator. É um ator de primeira grandeza, nos termos da nossa arquitetura constitucional. Ele não arbitra, ele participa“, afirmou.

Também o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, discursou para sublinhar que Marques Mendes “foi sempre uma voz cuja opinião poucos prescindiam de ouvir” e argumentar que vê no antigo líder social-democrata a audácia e “a moderação de quem faz pontes” e que considera necessária num Presidente.

Na comissão de honra estão diversas figuras do desporto como Tony, ex-jogador e antigo treinador de futebol, os ex-árbitros Duarte Gomes e Artur Soares, Carlos Lisboa, ex-basquetebolista e a canoísta Teresa Portela.

Na área da cultura, constam os nomes do cantor Toy – que em eleições anteriores anunciou o seu apoio à CDU -, as atrizes Rita Salema, Sílvia Rizzo e Sofia Grilo, o apresentador de rádio António Sala, o ator Carlos Cunha e as escritoras Alice Vieira e Margarida Rebelo Pinto.

Também diversas figuras da defesa manifestam o seu apoio a Marques Mendes, como os antigos Chefes do Estado-Maior da Força Aérea, o general José Taveira Martins e o general Manuel Rolo, e o ex-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Artur Pina Monteiro.

Da política nacional, figuram os nomes de José Gomes Mendes, antigo secretário de Estado do Governo socialista de António Costa, Carla Castro, antiga membro e candidata à liderança da IL, os ex-ministros Luís Mira Amaral, Paula Teixeira da Cruz e José Silva Peneda.

No total são 108 nomes, onde constam também figuras como o reitor da UTAD, Emídio Gomes, o presidente da Confagri, Idalino Leão, a eurodeputada Lídia Pereira, Nuno Amado, ‘chairman’ do BCP, a professora universitária Raquel Vaz Pinto ou o advogado Agostinho Pereira Miranda.

Manuela Ramalho Eanes

O nome que se destacou nesta terça-feira foi o de Manuela Ramalho Eanes. A esposa de António Ramalho Eanes, antigo presidente da República, não esteve no evento por motivos de saúde, mas apoia Marques Mendes e deixou uma carta lida por Leonor Beleza.

“Decidi apoiar o dr. Luís Marques Mendes, que muito admiro, na sua candidatura à Presidência da República, não apenas pelas qualidades pessoais que lhe reconheço, nomeadamente, enquanto político com uma dimensão ética, sentido de honra e serviços relevantes prestados ao País, mas, também, pelo importante papel que desempenhou, em proveito do esclarecimento da sociedade civil“, explicou Manuela Ramalho Eanes.

Manuela Eanes avisou que Portugal e o mundo passam por uma fase preocupante e, por isso, é preciso “um Presidente da República com profundo conhecimento da atividade política, dos atores políticos, da prática político-partidária e, ainda, da prática constitucional, para que Portugal seja um País mais solidário e mais próspero, reconhecido pelo seu humanismo, modernidade e afirmação dos grandes valores”, acrescentou.

ZAP // Lusa

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