Cientistas descobriram 381 novas espécies de fauna e flora, incluindo macacos, golfinhos, anfíbios e répteis, na região amazónica em dois anos, informou na quarta-feira o Fundo Mundial para a Natureza.
Uma nova espécie foi registada a cada dois dias entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, a maioria em áreas de conservação ou zonas próximas.
De acordo com o relatório da organização ecologista, foram descobertas na selva amazónica 216 plantas, 93 peixes, 32 anfíbios, 19 répteis, 20 mamíferos – dois deles fósseis – e uma ave.
Entre os mais chamativos figura um macaco, com uma longa cauda avermelhada, avistado no noroeste do estado de Mato Grosso, uma nova espécie de golfinho de água doce, que se estima que tenha aparecido há 2,8 milhões de anos, e um pássaro com um canto muito peculiar.
Segundo os investigadores, quatro das espécies foram registadas na Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), que tem sido, nos últimos dias, objeto de um intenso debate devido a um polémico decreto do Governo brasileiro que abria essa área de mais 47 mil quilómetros quadrados – uma superfície maior do que a Dinamarca – para a exploração mineira privada.
A área foi criada em 1984, ficando entre os estados do Amapá e do Pará, fronteiriços com o Suriname e Guiana Francesa.
Em resposta à onda de críticas, o Executivo decidiu alterar o decreto, mas a justiça federal brasileira determinou a sua suspensão, bem como a de “qualquer ato administrativo” que procure extinguir a Renca, uma decisão da qual Brasília já anunciou que vai recorrer.
Esta é a terceira edição do relatório, divulgada pelo WWF a par com o Instituto Mamirauá, elaborado por dezenas de cientistas que estudaram as espécies no terreno e contrastaram as novas descobertas com as bases de dados existentes.
Entre 2010 e 2013 foram descobertas 602 novas espécies, enquanto entre 1999 e 2009 o número escalou até às 1.200.
O documento destacou que, apesar dos esforços dos últimos anos, “existe, todavia, uma lacuna em termos de conhecimento sobre a real diversidade da Amazónia”, devido à vasta extensão do território ou à “a ausência de recursos para efetuar investigações“.
WWF ressalvou a importância de se “redobrar a atenção” naquela região, que “sofreu o impacto da desflorestação, da atividade agropecuária e de grandes obras de infraestruturas, como a construção de hidroelétricas e estradas”.
// Lusa