Mais de metade da população mundial fala mais do que uma língua. No entanto, apenas 1% da população do planeta pode ser considerada poliglota.
Existem alguns indivíduos conhecidos como hiperpoliglotas, maestros linguísticos que dominam uma abundância de línguas.
Existem várias histórias. Diz-se que Giuseppe Caspar Mezzofanti (1774-1849), um cardeal italiano, falava fluentemente 38 línguas, bem como Sir John Bowring, governador de Hong kong de 1854 a 1859, que afirmava conhecer 200 línguas e falar 100.
Teoricamente, segundo o IFL Science, não existe um limite definitivo para o número de línguas que um cérebro humano pode compreender. É também uma coisa complicada de quantificar, é mais difícil compreender o básico de centenas de línguas ou compreender profundamente uma mão-cheia delas?
Em 2018, a New Yorker mergulhou profundamente no mundo dos hiperpoliglotas e relatou que muitos “estremeceram” quando lhes perguntaram quantas línguas falavam.
“Ninguém domina todas as nuances de uma língua. É um falso padrão, que, ironicamente, é levantado sobretudo pelos monoglotas — os americanos em particular”, disse Richard Simcott, um hiperpoliglota britânico que organiza a Conferência Poliglota anual.
Há também o problema de comprovar as afirmações dos hiperpoliglotas. Se alguém dissesse que falava 10 das línguas mais raras do mundo, teria de reunir falantes nativos de todos os cantos do globo para o provar?
Quer se fale duas ou 200 línguas, é evidente que o cérebro tem sempre um lugar especial para a nossa língua materna.
Um estudo publicado no início deste ano por cientistas do MIT analisou os cérebros de poliglotas enquanto estes refletiam sobre as suas muitas línguas.
As mesmas regiões cerebrais “acendiam-se” quando ouviam qualquer uma das línguas que falavam e a atividade era mais forte naquelas em que o falante eram proficiente — exceto na sua língua materna. Sempre que ouviam a sua língua principal, a atividade na rede cerebral era significativamente menor.
“Alguma coisa torna o processamento um pouco mais fácil — talvez seja o facto de se ter passado mais tempo a utilizar essa língua — e a atividade da língua materna diminui em comparação com outras línguas que se falam com proficiência”, afirmou Evelina Fedorenko, professora associada de neurociência no MIT e autora principal do estudo.
Diz-se que tornar-se um verdadeiro hiperpoliglota é um feito hercúleo que requer anos de dedicação, mas não é preciso alcançar nenhum desafio superlativo para obter algum benefício claro da aprendizagem de várias línguas.
Um estudo de 2020 publicado no Iowa State University sugeriu que o multilinguismo pode atrasar o aparecimento da doença de Alzheimer.
A aprendizagem de outra língua não previne nem reverte a demência, mas ajuda a reforçar e a reorganizar os circuitos cerebrais. Isto é particularmente útil quando o cérebro está sob tensão na velhice, pois ajuda a distribuir a atividade por mais circuitos cerebrais.