Frederick York/Wikimedia Commons

A única espécime de quaga (Equus quagga quagga) fotografada viva, em 1870.
Era muito parecido com a zebra-comum, mas listrado só na cabeça e no pescoço — um padrão que se desvanecia para um castanho sólido no corpo. Também era mais dócil, o que de certa forma ditou o seu fim.
Não há ninguém vivo que tenha visto o quaga (Equus quagga quagga) viva. A subespécie outrora próspera da zebra das planícies corria pelas pradarias temperadas da África do Sul, em grandes manadas familiares, de 30 a 50 animais.
Era mais dócil do que as outras espécies de zebras, o que também levou ao seu reconhecimento como subespécie, a par do seu pelo distinto. Mas esse traço de personalidade também pode ter ditado ao seu fim.
Tal como as zebras modernas, eram herbívoros: viviam de erva, vigilantes contra predadores como leões e chitas. À noite, pelo menos um membro da manada ficava acordado para vigiar a área. Os machos eram polígamos, lideravam os haréns e por vezes entravam em conflito com rivais pelo domínio.
O quaga foi mais uma vítima da caça excessiva e perda de habitat provocados pela exploração humana. Os colonos europeus valorizavam o quaga tanto pela sua carne quanto pela sua pele, que frequentemente transformavam em couro. Os agricultores viam o animal como concorrência por pastagens e começaram a removê-los sistematicamente da paisagem.
Tragicamente, o seu declínio passou praticamente despercebido devido à confusão com outras subespécies de zebras.
O termo “quaga” foi outrora usado para descrever todas as zebras, o que baralhou os esforços de conservação no passado. Quando os humanos perceberam que estes animais eram únicos, já era tarde demais.
A subespécie desapareceu da natureza no século XIX. O último quaga conhecido morreu em um zoológico em 1883, nota o Africa News.
Mais de um século depois, a ciência começou a tentar trazer de volta o quaga. Depois de se descobrir, na década de 1970, que o animal era uma subespécie da zebra das planícies, ainda viva, o Projeto Quagga foi criado em 1987 na África do Sul, para voltar a colocá-lo nos pastos através da reprodução seletiva.
Os cientistas pegaram em zebras das planícies que exibem naturalmente características semelhantes às da quaga e começaram a reproduzir indivíduos ao longo de gerações sucessivas, na esperança de ressuscitar a sua aparência única.
Com o tempo, os animais que resultaram do programa passaram a ser cada vez mais parecidos com a subespécie extinta, mas tal como todos os projetos de reprodução seletiva, há quem fique de pé atrás.
Os críticos mais negativos do processo de recuperação do quaga argumentam que o resultado pode não passar de uma zebra de cor diferente, e não uma recriação genética verdadeira da quaga original.