/

“Qatar não respeita os direitos humanos”, diz Marcelo. “Mas, enfim, esqueçamos isto”

5

Rodrigo Antunes / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta quinta-feira que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, a três dias do arranque do Mundial 2022 de futebol, mas vai assistir ao Portugal-Gana, a 24 de novembro.

“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na zona de entrevistas rápidas no Estádio José Alvalade.

O Presidente da República falava após a vitória de Portugal sobre a Nigéria, por 4-0, no último particular antes da partida para o Qatar, na sexta-feira, para disputar o Campeonato do Mundo.

Rebelo de Sousa explicou aos jogadores que este será “um campeonato muito difícil”, não só por uma inédita calendarização no Inverno europeu, como pelas “condições muito difíceis, da construção dos estádios aos direitos humanos”.

Esta quinta-feira, a associação Frente Cívica pediu ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, António Costa, e ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que boicotem o evento.

Nesta entrevista, Marcelo afirmou que estará no Qatar para assistir à estreia da seleção portuguesa: “Para a semana, no Portugal-Gana, lá estarei”.

Quanto à performance desportiva, apreciou o jogo desta quinta-feira, que mostrou que os 26 convocados poderão “estar à altura das circunstâncias” na fase final do Mundial, tendo mostrado “competência técnica e espírito de equipa”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse, entretanto, que os jogadores devem encarar “cada desafio como uma final”, e que acredita numa possível vitória na final, “mas é muito difícil”.

Presidente do COP recusou convite para o Mundial

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, desejou esta quinta-feira felicidades à seleção portuguesa no Mundial 2022, salientando ter recusado um convite para estar presente.

“Espero que a competição decorra bem, do ponto vista desportivo e especialmente para Portugal. O presidente do Comité Olímpico do Qatar convidou vários presidentes de comités olímpicos para estarem presentes, mas eu declinei o convite”, afirmou José Manuel Constantino.

Após a gala de Celebração Olímpica de 2022, em Lisboa, e da vitória da equipa das quinas por 4-0 frente à Nigéria, no último jogo antes do Campeonato do Mundo, o líder do organismo olímpico justificou a recusa com o desrespeito pelos direitos humanos e à forma como a competição foi atribuída ao país.

“Entendo que as questões de natureza desportiva estão salvaguardadas, mas há questões de natureza diplomática e política que não podem ser ignoradas e tem a ver com as circunstâncias como a prova foi atribuída ao Qatar, as circunstâncias da construção dos estádios e todos os problemas que envolveram e as questões relativas aos direitos humanos. Agradecendo, naturalmente, o convite, não me sentiria bem estar presente nestas condições“, sublinhou.

Críticas ao Qatar

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de Fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Além das mortes por explicar, o sistema laboral de ‘kafala’ e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.

Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, tendo em conta a perseguição de que são alvo no Qatar.

Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção, quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQIA+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.

O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de Novembro e 18 de Dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

ZAP // Lusa

5 Comments

    • A consequência lógica do não-esquecer é proibir a participação (validação) da equipa.
      Aposto que não estão dispostos a lutar pelos direitos até esse ponto, pobres dependentes.
      Será que têm coragem para isso, ou é só paleio como sempre?

  1. A Rússia não respeita os direitos Humanos , para a próxima , declaração Publica esqueça isso en bom Cristão que pretende ser ! . Há Lobos disfarçados com peles de cordeiros !

  2. Direitos Humanos é coisa que não preocupa Marcelo. Ele que é o Chefe de Estado e deveria ser o primeiro a defender a Constituição Portuguesa e os direitos dos cidadãos. Aliás os confinamentos e as restrições Covid, que por acaso foram todos ilegais conforme foi decretado pelo tribunal Constitucional, só foram ilegalmente implementados porque Marcelo lhes deu o seu aval. Portanto se Costa é culpado Marcelo como Chefe de Estado é ainda mais culpado.
    Não há um pedido de desculpas aos portugueses nem qualquer atitude de reconhecimento dos erros cometidos. Bem pelo contrário, Costa e Marcelo continuam bastante empenhados em destruir o país e a vida das pessoas!!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.