O anúncio de uma mobilização militar parcial feito na manhã desta quarta-feira pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, é “um sinal claro” de que “não está interessado na paz, mas antes numa escalada da sua guerra de agressão”, reagiu um porta-voz da Comissão Europeia (CE).
Putin visa aumentar o conflito “contra a Ucrânia, contra a Europa e contra a ordem internacional, com consequências muito perigosas para todo o mundo”, disse Peter Stano, porta-voz para as matérias de política externa, defesa e segurança da União Europeia (UE), citado pelo Público.
A UE “continuará a apoiar a Ucrânia na legítima defesa da sua soberania, independência e integridade territorial pelo tempo que for preciso”, assegurou, frisando que “os ucranianos também estão a lutar pelos nossos valores e princípios”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a maior parte dos chefes de Estado e Governo da UE estão reunidos em Nova Iorque, para a Assembleia Geral da ONU.
Segundo Peter Stano, as discussões entre os líderes abordarão a descoberta de novas provas de atrocidades e crimes de guerra na Ucrânia; a convocatória de referendos para a anexação das autoproclamadas repúblicas separatistas; e o anúncio da mobilização militar feito por Putin.
“Estas ações vão naturalmente ter consequências”, disse Stano, assinalando que “todos estes aspetos fazem parte das discussões entre os Estados-membros”.
Estes desenvolvimentos são “mais um sinal do desespero da Rússia”, notou o responsável referindo que Putin, “em vez de contribuir para soluções” para a crise aposta no seu “aprofundamento”.
O porta-voz criticou ainda as ameaças de utilização do arsenal nuclear pela Rússia, avisando para os riscos e as “consequências imprevisíveis” para todo o mundo. “Putin continua a jogar com o elemento nuclear e a usá-lo no seu arsenal de terror. Este comportamento é perigoso e totalmente inaceitável”, sublinhou.
China apela a cessar-fogo
Também esta quarta-feira, a China apelou ao diálogo e “qualquer esforço” que permita um cessar-fogo na Ucrânia. “Todos os esforços que levem a uma solução pacífica desta crise devem ser apoiados”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, durante uma conferência de imprensa.
O porta-voz assegurou que a posição da China sobre o conflito “sempre foi clara e não mudou”, passando por “respeitar a integridade territorial de todos os países” e atentar para as “legítimas preocupações de segurança” da Rússia.
Pequim declarou repetidamente a sua oposição às sanções contra Moscovo por “não terem base no Direito internacional” e “não resolverem os problemas”.
Em reação às declarações de Putin, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy afirmou não acreditar que o líder russo use armas nucleares contra o Ocidente, assegurando ainda, ao canal televisivo do jornal alemão Bild, que “o mundo não vai permitir que ele use essas armas”.
O chefe de Estado ucraniano indicou que “Putin quer afogar a Ucrânia em sangue, mas também no sangue dos seus próprios soldados” e que o discurso proferido pelo líder do Kremlin não é novidade.
Segundo o presidente ucraniano, a mobilização parcial mostra que a Rússia tem “problemas com oficiais e outros militares”. “Já sabemos que mobilizaram cadetes, pessoas que não sabiam lutar. Esses cadetes caíram, nem conseguiram terminar a formação. Todas essas pessoas não podem lutar. Vieram até nós e morreram”, notou.
Putin precisa de um “exército multimilionário” para derrubar a resistência ucraniana, referiu igualmente, esclarecendo que não planeia cancelar a reconquista dos territórios ocupados pela Rússia.
O conselheiro do Presidente ucraniano, Mijailo Podolyak, afirmou que a mobilização de reservistas contraria todos os planos iniciais de Moscovo.
“Estamos no dia 210 da ‘guerra de três dias’. Os russos, que exigiam a destruição da Ucrânia, acabaram por ser mobilizados, por verem fronteiras encerradas, por enfrentarem um bloqueio das suas contas bancárias e por serem presos por deserção”, escreveu no Twitter.
210th day of the “three-day war”. Russians who demanded the destruction of 🇺🇦 ended up getting:
1. Mobilization.
2. Closed borders, blocking of bank accounts.
3. Prison for desertion.Everything is still according to the plan, right? Life has a great sense of humor.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) September 21, 2022
ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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Putin queria cortar a Ucrânia às fatias. Falhou porque afinal a carne era rija. E estava a usar uma faca romba.
Agora vai fazer nova tentativa, desta vez com uma colher. Se também falhar, a sequir experimenta usar o martelo dos bifes…