Putin terá ameaçado matar Boris. “Não o quero magoar, mas com um míssil, era só um minuto”

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Roman Pilipey / EPA

Numa chamada telefónica nas semanas antes do início da guerra, Vladimir Putin terá ameaçado atacar Boris Johnson com um míssil.

O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson revelou que Vladimir Putin o ameaçou de morte nas semanas de tensão que precederam o início da guerra na Ucrânia.

Numa chamada telefónica “extraordinária”, Boris afirma que o Presidente russo ameaçou ordenar um ataque com um míssil contra si. A ameaça terá sido feita após o então chefe do Governo britânico ter alertado que o início de um conflito armado seria uma “catástrofe total” e que obrigaria o Ocidente a impor mais sanções a Moscovo e a colocar mais tropas da NATO perto das fronteiras russas.

A revelação de Boris Johnson foi feita no documentário da BBC “Putin vs the West”, que se foca nas relações do chefe de Estado russo com os líderes ocidentais.

Johnson refere que tentou convencer Putin a não avançar com a invasão realçando que a Ucrânia não iria entrar na NATO “no futuro previsível”, mas que esse argumento não chegou para o convencer.

“Ele ameaçou-me a certa altura e disse ‘Boris, não o quero magoar, mas com um míssil, só levaria um minuto‘ ou algo assim. Que simpático. Mas acho que o tom muito relaxado dele, o ar de distanciamento que ele parecia ter, ele estava só a alinhar nas minhas tentativas de o convencer a negociar”, afirma Boris.

Não há forma de se saber se a alegada ameaça de Putin era genuína ou apenas um bluff. Os relatos da chamada, tanto do Kremlin como de Downing Street, não referiram a ameaça.

Boris conta ainda que recebeu uma chamada de Volodymyr Zelenskyy na madrugada de 24 de Fevereiro, quando a guerra começou. “Zelenkyy estava muito, muito calmo. Mas ele disse-me ‘sabe, estão a atacar por todo o lado'”, frisa.

O antigo primeiro-ministro adianta que ofereceu ajuda ao Presidente ucraniano, caso este quisesse abandonar o país e ir para um lugar seguro. “Ele não aceitou a oferta. Ele heroicamente ficou onde estava“, elogia.

O documentário revela ainda como foi a reunião do então Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, com o seu homólogo russo, Sergei Shoigu, 11 dias depois da chamada ameaçadora de Putin com Boris.

A 11 de Fevereiro, Wallace foi até Moscovo para tentar persuadir as chefias russas a não invadir a Ucrânia. O então Ministro conta que lhe foi assegurado que a Rússia não avançaria para a guerra, mas que ambos os lados sabiam que esta promessa era mentira e que a reunião não passou de uma “demonstração de bullying ou força“.

“‘Vou mentir-te, tu sabes que eu estou a mentir e eu sei que tu sabes que estou a mentir, mas vou mentir na mesma’. Acho que foi só para dizer ‘tenho poder'”, relata Wallace, que acrescenta que, à saída da reunião, o general Valery Gerasimov lhe disse que a Rússia “nunca mais será humilhada”.

Kremlin nega ameaça de Putin

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já veio a público negar que Putin tenha feito qualquer ameaça de morte a Boris Johnson, afirmando que a acusação é uma “mentira”.

Não houve ameaças de mísseis. Isto ou é uma mentira deliberada — por isso têm de perguntar ao Senhor Johnson porque disse isso nesses termos — ou foi uma mentira inconsciente por ele não entender o que Putin lhe estava a dizer”, relata.

Peskov afirma que a situação se tratou de um mal-entendido e que Putin se estava a referir ao facto de, caso a Ucrânia entrasse na NATO, os mísseis ocidentais estarem perto das fronteiras da Rússia e conseguirem chegar a Moscovo em poucos minutos.

“Se foi assim que esta frase foi entendida, é uma situação muito constrangedora“, remata Peskov.

Adriana Peixoto, ZAP //

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