A PSP avança que sugeriu, na reunião de preparação da festa do título, que os festejos ocorressem dentro do Estádio de Alvalade, mas que a proposta não foi aceite.
Esta quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, recusou assumir a responsabilidade pela concentração de milhares de adeptos junto ao Estádio de Alvalade e garantiu que desconhecia o parecer negativo da PSP.
Em causa estão as declarações do comissário Bruno Pereira, vice-presidente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia, que revelou que a PSP deu parecer negativo à instalação de uma “fan zone” da claque Juve Leo junto ao estádio e que propôs à autarquia um plano alternativo, que envolvia o controlo de segurança dos adeptos no estádio e no Marquês.
Segundo o Jornal de Notícias, a polícia queria que os festejos decorressem dentro de Alvalade, com controlo e revista de segurança à entrada. A proposta foi feita a todos os intervenientes envolvidos no plano de segurança, elaborado dias antes, mas não foi aceite.
“Uma das alternativas era organizar a festa dentro do estádio, com controlo das entradas. Assim, era mais fácil coordenar a segurança física e sanitária. Também se previa um cordão externo à volta do estádio para impedir ajuntamentos. Soube que não foi aceite, mas não sei qual dos intervenientes se opôs”, disse o comissário Bruno Pereira ao jornal.
Sobre o parecer negativo, o comissário explicou ainda ao JN que foi “enviado, por e-mail, na segunda-feira, para a Câmara” e que “não houve resposta”.
De acordo com o jornal Público, a proposta defendida pela PSP foi defendida, na última sexta-feira, na reunião que ocorreu no Ministério da Administração Interna (MAI). O encontro contou com a presença de três chefes de gabinete de dois ministros (da Administração Interna e da Saúde) e do secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, de dois superintendentes da PSP, do subdiretor-geral de Saúde, de um vereador da Câmara e dois representantes do Sporting.
O diário avança que os representantes do Governo e a autarquia defenderam que restringir demasiado os festejos poderia levar ao caos e que, estando o país em situação de calamidade, não seria legítimo restringir a liberdade das pessoas.
Depois da ‘nega’ para realizar a festa dentro do estádio, foi então que o próprio diretor nacional da PSP tomou a iniciativa de enviar um ofício ao MAI a solicitar uma intervenção política. Este alerta terá ficado sem resposta, acrescenta o diário.
“Um ofício com o parecer do diretor nacional ao ministro da Administração Interna significa que as reuniões preparatórias para preparar a segurança dos festejos ficaram aquém do esperado pela PSP”, defendeu uma fonte da PSP ao semanário Expresso.
Esta quinta-feira, numa entrevista à RTP, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assumiu que houve uma “leveza excessiva” na preparação da festa. Mas disse também que lhe foi explicado que, “por muita prevenção que pudesse haver, os diques iam romper naquele tipo de fenómeno”.
“Há um somatório de fatores e há também o comportamento das pessoas: são 20 anos de espera, mas que diabo. Eu percebo isso, mas houve ali um efeito que não é positivo e que não pode ser replicado num futuro próximo”, alertou.