PS/Madeira diz que PSD se prepara para “trair” o CDS e juntar-se ao Chega

PS Madeira / Flickr

Paulo Cafôfo

O presidente do PS/Madeira acusou o PSD, esta quarta-feira, de se estar a preparar para “trair” o CDS, parceiro na coligação governamental, para “se juntar” ao Chega nas próximas eleições legislativas regionais.

“A verdade é que o PSD está a ver que, com o CDS, não chega lá e está a preparar-se para trair o CDS e fazer um acordo com o Chega“, disse Paulo Cafôfo.

O socialista falava no plenário do Parlamento madeirense e referia-se ao encontro que houve na Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional, entre o presidente do Executivo madeirense, Miguel Albuquerque, e o presidente do Chega, André Ventura.

Ao falar na Assembleia Legislativa, o deputado do PS alertou, no entanto, que, em política, “não pode valer tudo”.

“Temos de saber o lado em que estamos, se estamos do lado da democracia e do desenvolvimento ou se estamos do lado daqueles que querem voltar à velha senhora [regresso ao Estado Novo/fascismo], a uma sociedade que não tem em conta os valores humanistas e democráticos que o PSD devia defender e não defende. Está a trair o CDS, mas também a trair os seus princípios”, declarou ainda.

No final de fevereiro, numa visita à Madeira, Ventura reuniu-se com Albuquerque e, depois desse encontro, afirmou aos jornalistas que poderá haver um “entendimento” com o PSD/Madeira semelhante ao estabelecido nos Açores.

O líder do Chega realçou ainda que o presidente do Governo Regional da Madeira é o dirigente do PSD com funções executivas que “melhor relação” tem com o seu partido, vincando que isto estabelece uma “boa previsão para a cooperação política”.

O líder do PS na Madeira abordou ainda o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), defendendo que deve ser aplicado para “defender a economia, assegurar empregos e proteger os mais socialmente expostos” e não centrar os investimentos na Administração Pública.

Na sua intervenção, Cafôfo defendeu ainda a transparência no desempenho governativo, referindo logo de seguida o concurso para extração de inertes da costa da Madeira concebido, segundo frisou, para beneficiar uma empresa de construção civil e a adjudicação direta da Zona Fanca à Sociedade de Desenvolvimento da Madeira.

O deputado enumerou ainda aquilo que classificou de “sorvedouro” de dinheiros públicos, designadamente as Sociedades de Desenvolvimento que, adiantou, “nos últimos quatro anos custaram 150 milhões de euros” ao Orçamento Regional e a asfaltagem da estrada das Ginjas, que atravessa a floresta Laurissilva classificada de Património Natural Mundial pela UNESCO e alvo de oposição das organizações ambientalistas.

Para essa asfaltagem está previsto um investimento de 12 milhões de euros, verba que Cafôfo considerou que poderia ser investida para a dinamização da economia local da costa do norte da região.

A Assembleia Legislativa debateu ainda votos de congratulação pelo Dia Mundial da Rádio (CDS), ao cardeal D. Tolentino de Mendonça pelo Prémio da Universidade de Coimbra (JPP) e de saudação pelo Dia Internacional da Mulher (PS, CDS e PSD).

Foram também debatidos o projeto de decreto legislativo do PS que “estabelece medidas de apoio extraordinário às vítimas e às autarquias no âmbito da recuperação de danos provocados por intempéries na Região Autónoma da Madeira” e de resolução do PCP, que recomenda ao Governo Regional um estudo técnico-científico independente para “identificar os fatores de agravamento e nexos causais que ampliaram situações de risco” na tempestade de 24 e 25 de dezembro na costa norte da Madeira.

ZAP // Lusa

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