Partido Socialista vence com 42 deputados. Mas Puigdemont está pronto para formar um “governo sólido” .
Os partidos independentistas perderam a maiolria que tinham no parlamento da Catalunha nas eleições regionais deste domingo, que os socialistas venceram.
O Partido Socialista da Catalunha (PSC) ganhou ao eleger 42 deputados num parlamento com 135 lugares.
Passa a ter o maior grupo parlamentar na assembleia regional, mas não tem maioria absoluta; precisa de acordos com outros partidos – de governo ou parlamentares – para ficar com o poder.
Os três partidos independentistas, que têm há 14 anos maioria no parlamento autonómico e se aliam para viabilizar sempre governos independentistas, ficam abaixo dos 68 deputados necessários para maioria absoluta.
Trata-se da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, esquerda, atualmente à frente do governo regional), do Juntos pela Catalunha (JxCat, de direita) e da Candidatura de Unidade Popular (CUP, de esquerda).
O JxCat, segundo partido mais votado, alcançou 35 deputados no ‘Parlament’ catalão.
“Nova etapa”
O socialista Salvador Illa, que venceu as eleições, disse que a região decidiu abrir uma nova etapa após 14 anos de governos separatistas e garantiu que vai liderar o próximo executivo autonómico.
Sem revelar se e com quem pretende negociar a viabilização do governo, Salvador Illa destacou que o Partido Socialista da Catalunha (PSC) venceu de forma destacada as eleições.
“Os catalães decidiram que cabe ao PSC liderar esta nova etapa”, afirmou, na sede do partido em Barcelona, perante os aplausos de algumas dezenas de apoiantes.
Illa sublinhou ainda que é a primeira vez na história que o PSC, simultaneamente, ganha em votos e em deputados numas eleições autonómicas catalãs, insistindo por diversas vezes em que a região “abriu hoje uma nova etapa”.
Para Salvador Illa, um dos “muitos fatores” que explicam a vitória do PSC na Catalunha é a política que o primeiro-ministro de Espana e líder do Partido Socialista Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, adotou para a região.
À frente do Governo de Espanha desde 2018, Sánchez concedeu indultos aos separatistas condenados pela tentativa de autodeterminação de 2017, mudou o código penal para acabar com o delito de sedição de que outros estavam acusados e avançou agora com uma amnistia que está prestes a ser definitivamente aprovada.
Em troca, os dois grandes partidos independentistas catalães viabilizaram sucessivos governos de Sánchez.
O PSOE e Sánchez têm insistido em que estas medidas têm o objetivo de “recuperar a convivência” na Catalunha e entre a Catalunha e o resto de Espanha, depois da tentativa de autodeterminação de 2017.
O líder nacional do PSOE, Pedro Sánchez, aplaudiu o “resultado histórico” dos socialistas nas eleições regionais da Catalunha, considerando que abre “uma nova etapa” para “melhorar a vida dos cidadãos” na região.
Menos um aliado
Puidgemont reage
O líder do Juntos pela Catalunha (JxCat), Carles Puigdemont, segundo classificado nas eleições catalãs, declarou estar pronto para formar um “governo sólido” e desafiou a Esquerda Republicana da Catalunha, no terceiro lugar, a refletir sobre “os efeitos da desunião”.
Numa declaração em catalão, a partir do sul de França, uma vez que tem pendente sobre si um mandado de captura em Espanha, o ex-presidente autonómico afirmou que se a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) “estiver disposta a entrar nesta reflexão sobre os efeitos da desunião e da falta de estratégia comum” dos independentistas, o seu partido também o estará.
Puigdemont declarou-se em “condições de construir um governo sólido” e disse que irá dedicar “as próximas horas e dias” a esta tarefa.
O líder do JxCAt criticou a possibilidade de um chamado “governo tripartido” das esquerdas – entre os Socialistas, que venceram as eleições catalãs, a ERC, que estava até agora no Governo, e o Comuns Somar-, que teriam “uma maioria tão justa”.
“Continua a ser uma má opção para o governo da Catalunha”, considerou.
ZAP // Lusa