PS: o jantar do “azedume” onde ninguém falou sobre Carneiro

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Estela Silva / LUSA

José Luís Carneiro

Houve aperto de mão entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro no jantar de Natal – mas quase ninguém reparou. E o candidato derrotado não entrou nos discursos.

O líder eleito do PS, Pedro Nuno Santos, assegura que o Partido Socialista não vai e não precisa de começar do zero o novo ciclo político, algo que a direita teria que fazer se ganhasse as eleições.

No discurso durante o jantar de natal do grupo parlamentar do PS, que juntou na noite passada deputados, membros do Governo e dirigentes do partido, Pedro Nuno Santos reafirmou o “orgulho no legado” destes oito anos de executivo socialista, considerando que não será preciso contrariar nada do que foi feito, mas sim continuar o caminho que vinha a ser prosseguido.

“Não está tudo bem, nós somos os primeiros a assumi-lo e com propriedade podemos dizê-lo, mas nós também sabemos o seguinte: nós não vamos começar do zero, nós não precisamos de começar o zero. Nós temos que continuar o trabalho que foi iniciado e de concretizar muitas das sementes que foram lançadas”, disse.

Seja na habitação, na saúde ou nos outros temas aos quais assegura que o governo socialista deu prioridade, Pedro Nuno Santos assegurou que os socialistas “não começam a falar do zero”.

“Nós não começamos do zero, mas a direita teria que começar do zero se ganhasse as eleições. Teria que começar do zero porque eles não concordaram e não concordam com o caminho que nós percorremos”, defendeu.

A estabilidade de Costa

O primeiro-ministro, também presente no jantar de Natal do PS, estava na mesa de Pedro Nuno Santos.

No início do seu discurso, António Costa quis fazer “uma grande saudação” a Pedro Nuno Santos, que mereceu o aplauso da plateia, desejando-lhe “as maiores felicidades e os maiores sucessos”.

“É para mim uma grande honra ser o último da terceira geração a passar o testemunho ao primeiro da quarta geração de líderes do PS, um partido que celebra 50 anos de continuidade, continuidade daquilo que é perene, mas sempre ajustado aos desafios do tempo presente”, frisou.

O secretário-geral cessante socialista afirmou que o partido está unido e mobilizado para ir “para a luta”, defendendo que podem derrubar o PS “pela segunda vez”, mas os portugueses sabem que é o único que garante de estabilidade.

“Podem criar instabilidade na vida política, podem criar instabilidade na Assembleia da República, podem-nos derrubar pela segunda vez, mas há uma coisa que os portugueses sabem: é quem garante e garantiu estabilidade no dia-a-dia da sua vida, foi mesmo o PS. E é com o PS, e só com o PS, que podem contar para terem estabilidade na sua vida”, declarou António Costa.

Críticas a Passos Coelho

António Costa, escusou-se a responder às críticas de Pedro Passos Coelho porque o “azedume não merece comentário”, compreendendo que seja “muito cansativo” estar há oito anos à espera que o diabo apareça sem que ele chegue.

Ao azedume nem se responde nem se comenta. Não há nada a dizer. Acho que as palavras dele falam por si”, começou por responder António Costa aos jornalistas à chegada para o jantar de Natal do Grupo Parlamentar do PS, quando questionado sobre as afirmações que Passos Coelho disse esta terça-feira sobre o chefe do executivo se ter demitido “por indecente e má figura”.

Perante a insistência dos jornalistas, Costa reiterou que o “azedume não merece comentário”.

“Eu respeito, eu percebo. Deve ser muito cansativo estar há oito anos a contar, dia após dia, à espera que o diabo chegue. O diabo nunca mais chega e depois sai isto”, atirou.

Pedro Nuno Santos acusou o antigo presidente do PSD de ter ofendido o primeiro-ministro, considerando que ainda não percebeu que há oito anos a maioria do povo “chumbou a sua governação”.

“O antigo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, faz hoje uma declaração ao país para dizer duas coisas. Uma delas para ofender pessoalmente o primeiro-ministro português. Nós não vamos perder tempo em responder às ofensas de Pedro Passos Coelho”, disse Pedro Nuno.

O novo líder do PS atirou diretamente a Pedro Passos Coelho: “Nós percebemos que ele nunca percebeu que há oito anos a maioria do povo português rejeitou e chumbou a sua governação“.

“O segundo grande objetivo foi para defender um entendimento do PSD com o Chega. Não é nenhuma novidade. Já tínhamos assistido ao que o PSD fez nos Açores”, criticou.

Para Pedro Nuno Santos, o antigo primeiro-ministro e ex-líder dos sociais-democratas “apenas veio dizer aquilo que o líder do PSD também quer, mas não consegue assumir”.

“O líder do PSD, que não consegue assumir ao que vem e o que quer fazer caso não consiga condições para governar, é um líder do PSD que também não consegue decidir”, acusou.

E Carneiro?

Entre dezenas de deputados, ministros ou eurodeputados, este jantar foi também o primeiro encontro público entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, os dois principais candidatos nas eleições internas do PS que ficaram fechadas no sábado passado.

O jornal Observador relata que os dois socialistas ficaram em mesas quase “coladas”. Estiveram próximos ao longo do evento.

Mas nunca se falaram. Só no final do jantar, Pedro Nuno levantou-se e foi à mesa de Carneiro para o cumprimentar — um momento que quase ninguém viu.

De resto, José Luís Carneiro esteve ausente neste jantar. Não fisicamente, mas nos discursos: ninguém mencionou o ministro da Administração Interna.

Até os seus apoiantes Eurico Brilhante Dias e Augusto Santos Silva, que também falaram junto do microfone, se “esqueceram” do candidato derrotado.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Achar que um governo do PS que sucede um que teve uma maioria absoluta e que mesmo assim consegue cair de podre, um governo que à partida se diz logo de continuidade, porque é que um governo assim (com as mesmas caras de sempre do PS) há de oferecer mais estabilidade do que outro qualquer? O que interessaria tal estabilidade se nos leva ao empobrecimento e degradação das instituições? Uma coisa é certa, com instabilidade, os impostos não aumentam, os combustíveis não aumentam, os médicos, os professores são ouvidos… e se é para fazer m*, com instabilidade nem têm tempo e os orçamentos de estado serão mais participados. Venha de lá essa instabilidade, não há que ter medo! O governo vai passar de arrendamento de longa duração a AL e por mim tudo bem.

  2. mas esta tudo a dormir?!?!?!
    este PNS não é o que autorizou uma indeminização de 500.000euros por whatsapp? que se demitiu por não ter condiçoes para continuar apos trapalhada atras de trapalhada? fala-se que nas empresas temos de motivar os trabalhadores para aumentar a produtividade e a nivel nacional temos um exemplo de promoção da incompetencia. DEPOIS COMO VAMOS EXPLICAR AOS NOSSOS FILHOS QUE O ESFORÇO E DEDICAÇÃO COMPENSA??!

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