O secretário-geral do PS manifestou-se hoje contra a dispersão de votos à esquerda, defendendo que só os socialistas podem ser fator de equilíbrio e concórdia, com sentido de compromisso e “sem bravatas” com a maioria Presidencial.
No encerramento do comício de Coimbra, António Costa congratulou-se por a sua geração de socialistas “ter derrubado o muro” da incomunicabilidade entre as forças de esquerda em 2015, formando a atual solução política governativa.
Mas, com Manuel Alegre na primeira fila da plateia, o líder socialista recorreu também à história para apontar que, durante o “Verão Quente” de 1975, houve uma esquerda que “pretendeu destruir” o PS, mas não conseguiu — “e o PS de Mário Soares e Salgado Zenha salvou a liberdade e a democracia”.
Depois deste apontamento, António Costa dirigiu-se àqueles eleitores indecisos que se manifestam preocupados com uma maioria absoluta do PS, ou com a continuidade ou não da ‘geringonça’ consoante o resultado do PS nas eleições de domingo.
“Alguém acredita verdadeiramente que sem o PS o país teria simultaneamente virado a página da austeridade e recuperado a credibilidade internacional, que teria simultaneamente recuperado os rendimentos e manter a confiança no investimento, teria reduzido as desigualdades e alcançado contas certas. Não, sem o PS isto não teria sido possível, porque este partido é desde a sua fundação o garante da estabilidade, do equilíbrio, da concórdia e da capacidade de diálogo e de compromisso”, advogou António Costa.
O secretário-geral do PS foi ainda mais longe na sua defesa de um PS com sentido de equilíbrio, dizendo mesmo que os socialistas, apesar da atual solução política, não estiveram “fechados” no parlamento.
“Nunca quebrámos o diálogo com os outros órgãos de soberania, nunca quebrámos o diálogo com o poder judicial e sempre o respeitámos em todas as circunstâncias – e não respeitamos o poder judicial ao sabor das nossas conveniências, ou da oportunidade eleitoral”, declarou, aqui numa crítica direta ao presidente do PSD.
Após referências à concertação social, às autonomias regional e do Poder Local, António Costa falou sobre a maioria social que elegeu Marcelo Rebelo de Sousa em 2016 e sobre relações institucionais com o Presidente da República, salientando então o “diálogo e o respeito para compatibilizar a maioria [de esquerda] que existia na Assembleia da República com uma maioria distinta” representada pelo atual chefe de Estado.
“É verdade que sem o PS não teria sido aprovada uma nova Lei de Bases da Saúde, mas também sem o PS não estaria em vigor uma lei que não tivesse sido vetada pelo Presidente da República. É essa capacidade de diálogo, é esse sentido de compromisso, é esse sentido de equilíbrio que o PS assegura”, sustentou.
António Costa procurou a seguir tirar uma conclusão: “A nova Lei de Bases da Saúde não foi uma bravata política, mas é uma lei que está aprovada e vai entrar em vigor”, disse, numa nova alusão indireta a uma alegada inflexibilidade de comunistas e bloquistas.
No início da sua intervenção, o secretário-geral do PS deixou a entender que a ministra da Saúde, Marta Temido, poderá continuar no Governo, caso os socialistas vençam as eleições.
António Costa referiu-se em tom de humor a um lapso de Manuel Alegre, que chamou Marta Temida [sic] à ministra da Saúde, Marta Temido.
“Marta é mesmo temível e vai fazer mais e melhor, cumprindo a nossa missão, que é salvar o Serviço Nacional de Saúde”, disse a seguir.
// Lusa
O Beiçolas só tem olhos para o inútil, quando fala devia de pensar 10 vezes, por vezes só se afunda, ganhava mais se estivesse calado.