Petição em Espanha quer o fim dos dispositivos na maioria dos menores. Reino Unido proíbe nas escolas, Portugal não tem medida nacional.
70% das crianças e adolescentes, entre 10 e 15 anos, têm um telemóvel próprio em Espanha. O primeiro contacto com a internet costuma acontecer aos 7 anos.
Por isso, há uma petição com mais de 76 mil assinaturas que apela à proibição total de telemóveis para menores de 16 anos.
“Sim, isto é proibir numa democracia. Não tenho nenhuma vergonha em defender isso”, disse Ángela Sánchez-Pérez, citada no jornal El País.
Ángela é uma das professoras responsáveis pela petição, e que nesta terça-feira se reuniram com deputados de cinco partidos, para falarem sobre esta proposta.
Estas – e outras – responsáveis, entre professoras, país, educadoras, estão preocupadas com os crescentes problemas de saúde mental, de bullying entre pares e com os conteúdos impróprios para a idade; todos relacionados com o uso precoce do telemóvel.
A docente deixou um exemplo de uma das suas turmas do 6.º ano: quando um aluno lhe mostrou um vídeo que exibia a amputação de duas pernas a um cão, e que mostrava como o cão passava a andar só com as outras duas patas.
“O aluno disse-me, a sorrir, que aquilo sim, era manter o equilíbrio. Eu quase fiquei enjoada ao ver aquilo mas ele, tal como muitos outros da sua idade, já se habituou… E depois ficamos surpreendidos com agressões de filhos aos pais ou com violações em grupo“, avisou.
Marta Bentura deixou o seu testemunho: o vício do seu filho com os ecrãs começou aos 10 anos, quando lhe deram um iPad… na escola. “Foi um antes e um depois (no mau sentido”. Hoje o filho tem 13 anos e é o único da turma que não tem um telemóvel.
A petição precisava de 500 mil assinaturas para ser registada como Iniciativa Legislativa Popular. E, reforça-se, a ideia é proibir que qualquer jovem com menos de 16 anos tenha telemóvel; seja na escola, ou fora.
Reino Unido e Portugal
No Reino Unido, os telemóveis para alunos serão proibidos em todas as escolas. O anúncio foi dado nesta segunda-feira.
Cada escola terá a liberdade de escolher como implementar a medida: ou os telemóveis nunca saem de casa, ou são utilizados na escola em algumas excepções, ou podem ser “confiscados” à chegada à escola, ou guardados em armários.
O jornal Público lembra que não há uma medida nacional (nem deve haver) sobre este assunto em Portugal.
Responsáveis por escolas concordam com o estabelecimento de regras mas cada escola tem o seu contexto e deverá ser autónoma nesta matéria.
Importante divulgar números sobre os casos já reportados de dependência digital, bem como as consequências dos problemas causados pela pressão das redes sociais, das falsas aparências criadas e alimentadas por influenciadores digitais e pelo ciberbullying! Como professor, sou a favor da proibição dos telemóveis nas escolas, salvo exceções bem definidas!