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“Há forte probabilidade” de as medidas serem revertidas no final de março, diz especialista

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Mário Cruz / Lusa

Depois de António Costa apresentar o plano de desconfinamento, Carlos Antunes diz que este é muito limitado e pode fazer com que haja uma reversão das medidas brevemente.

De acordo com Carlos Antunes, matemático da Universidade de Lisboa que fez parte do grupo que apresentou ao executivo uma proposta para desconfinar o país, se o Governo seguir à risca os critérios do plano de desconfinamento apresentado esta quarta-feira, “há uma forte probabilidade” de Portugal ter de voltar a confinar no final deste mês de março, diz ao Expresso .

O investigador defende que “os limites apresentados são muito apertados”, referindo-se à matriz de risco que foi explicada por António Costa ao país.

A matriz define que depois do desconfinamento inicial, para o país continuar a abrir tem de se manter no nível 1, ou seja, com menos de 120 casos por 100 mil habitantes (a 14 dias) e um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 1.

Caso as medidas sejam congeladas ou atrasadas estaremos no nível 2 e 3, ou seja, com uma incidência inferior a 120 mas um Rt superior a 1 ou com uma incidência acima dos 120 mas um Rt inferior a 1.

Por fim, o nível 4, a zona vermelha no retângulo colorido, significa uma reversão das medidas, quando a taxa de incidência do vírus e o Rt ultrapassarem em simultâneo o limite fixado: mais de 120 casos e mais de 1 no índice de transmissibilidade.

Carlos Antunes sugere que para a taxa de incidência subir além de 120, o Rt precisa necessariamente de ser superior a 1 – e isto anula por completo a lógica do plano. “A matriz de risco foi simplificada, não foi aquilo que apresentamos”, refere.

Ao contrário do que foi apresentado pelo primeiro-ministro, o plano dos especialistas era composto por cinco níveis em que o mais gravoso implicava uma taxa de incidência de 240 e um Rt de 1.20. Contudo, o Governo eliminou o último nível.

“Há uma incongruência naquela classificação de 1 a 4, não faz sentido. Do ponto de vista da análise de risco, se eu tenho dois quadrados com a mesma cor, eles têm de ter o mesmo nível, se não as cores têm de ser diferentes. Ou seja: se o nível dois é amarelo, o nível três deveria ser laranja”, explica Carlos Antunes.

O especialista admite a possibilidade de o grafismo ter sido simplificado para facilitar a comunicação e o entendimento das mudanças por parte da população, mas alerta: “Do ponto de vista da dinâmica da infeção, com a evolução que se vai sentir agora, o Rt vai subir acima de 1 e vai fazer com que a incidência comece a subir”.

Desta forma, quando a incidência ultrapassar os 120 casos por mil habitantes, o país passará diretamente para o nível 4 – ou seja, as medidas de abertura serão revertidas. “São critérios tão restritivos que não dão espaço para a incidência subir”, afirma.

O matemático garante que o Executivo devia ter mantido os critérios dos especialistas, uma vez que o atual retângulo colorido “não corresponde à realidade, não é útil, e vai causar um problema de decisão.”

Acrescenta ainda que desta forma, o país vai andar a saltar entre confinamento e desconfinamento, e, nesse sentido, o Governo também não deveria ter definido datas exatas para os vários passos do desconfinamento

ZAP //

10 Comments

  1. Mais uma vez tudo vai depender da auto responsabilidade de cada un de nós, cumprir e respeitar escrupulosamente as básicas medidas higiénicas, pode resultar num nível de Segurança comum, que permitirá uma actividade Económica e Social mais alargada. Mas como já vimos, enquanto alguns Negacionistas e Egoístas infringirem as regras básicas e não forem altamente autuados, é evidente que este desconfinamento será um passo a frente para provavelmente dar dois passos para trás en pouco tempo !………..Quando a responsabilidade é de todos acaba por ser de ninguém !!!!!!!

    • “alguns Negacionistas e Egoístas”. Alguns? Só alguns? Que tal mais de 90% da população? De qualquer forma, com este plano incongruente e absurdo do que se pode estar á espera? Mas… Incongruente porquê? Então faz sentido ter cabeleireiros e outras lojas abertas se o dever de de confinamento ainda existe? Neste estado que ainda estamos, se um polícia me perguntar o que faço na rua eu tenho de me justificar ou sou mandado para casa. Quando começar este plano (da treta) será que posso justificar a minha estadia na rua com uma ida ao cabeleireiro (porque é óbvio que é tão essencial como a comida)? Está tudo doido e eu estou a ficar doido!… Com a irresponsabilidade do governo, Presidente e Assembleia e com a irrsponsabilidade e egoísmo da maioria dos portugueses.

      “enquanto alguns Negacionistas e Egoístas infringirem as regras básicas e não forem altamente autuados” Não há tom….tes para isso! Não é popular e perde-se votos! Mais vale deixar o povo infetar-se e matar-se a tomar medidas impopulares mas que salvam vidas e, consequentemente, salvam a economia. É que ainda ninguém percebeu que, se toda a gente estiver infetada ou morta, não há economia! Esta pandemia pôs á vista o pior que há do sistema capitalista – Um profundo egoísmo!

  2. Continua-se com tudo fechado e passamos a viver com a miséria de apoio que é dada pela segurança social em que obriga os TI a permanecerem com a atividade aberta durante 30 meses e com a mensalidade aumentada em cerca de 45,00 euros, melhor dizendo, não é um apoio mas sim um empréstimo. Assim, fechar-se tudo e vamos morar com os especialistas e eles dão-nos de comer. Por favor vejam o problema de forma global e não vejam só o virus

  3. ““Há forte probabilidade” de as medidas serem revertidas no final de março, diz especialista”

    Olha que novidade! Eu não sou especialista e, depois de ver o que o A.C. disse, acrescentei logo: Dou duas semanas para voltar tudo atrás.

    • “Dou duas semanas para voltar tudo atrás”. Se calhar mais cedo! E espero bem que sim, para o bem de Portugal e dos portugueses porque, embora sejam absolutamente irresponsáveis e egoistas, têm o direito á saúde! Mais cedo porque, avaliando o que já foi detetado por alguns estudiosos, muita, mesmo muita gente vem á rua em pleno confinamento ( e vejo isso, todos os dias que olho pela janela ou vou á rua buscar comida). Não há muito tempo, houve uma sexta feira (há uma ou duas semanas) em que foi estimado que cerca de 40% da população veio para a rua (4 milhões de portugueses na rua em pleno confinamento geral). Somando ao facto de o próprio Presidente ter provocando um ajuntamento de dezenas de pessoas aquando da sua visita ao Bairro do Cerco, no dia da tomada de posse. Será que o povo que veio á rua (em magotes, para as selfies) poderia justificar a sua permanência na rua com… “Vim ver o Presidente!”? Tá tudo doido e eu estou doido com as loucuras que o povo e a humanidade faz, porque esta “doença” (egoísmo) é mundial!
      Há fortes probabilidades? Usando uma expressão que é largamente mal utilizada em termos de contexto: é uma evidência (de evidente e não de prova)!

  4. Mas a probabilidade deste perito (da treta) não se prende ao facto do povo ser irresponsável e egoísta! Prende-se com o plano que não segue exatamente os parâmetros defenidos por estes iluminados (que têm acertado sempre como é possivel ver pela quantidade “residual” de casos de infeção desde o início da pandemia – IRONIA…). Se estes peritos fossem á rua e vissem o que uma pessoa que respeita as regras higiénicas escrupulosamente, iriam ficar tão chocados que já não queriam saber de números e fugiam dali para fora! TÁ TUDO DOIDO!!!

    Ah! A culpa não é das variantes! É do povo mesmo! Essas variantes não pegavam se o povo tivesse consciência e responsabilidade (independentemente das burradas que o governo possa ou não fazer).

  5. Esses “especialistas” têm de explicar aos portugueses como é que sem medidas sem confinamento em certos países os contágios não variam dos países com mais confinamentos. É porque as variáveis são outras!

    Outra pergunta é como podem 4 especialistas de aconselhamento ao parlamento nenhum ser da área da epidemiologia, nem medicina/biologia. Nem inserem nos modelos deles variáveis dos vírus respiratórios, tais como temperatura, humidade, etc.

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