ERDEM SAHIN / EPA

Apoiantes gritam palavras de ordem e seguram uma faixa com a imagem do Presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, apesar das proibições
A polícia da Turquia deteve, na madrugada desta quarta-feira, o presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, no âmbito de uma investigação judicial por suposta corrupção e “colaboração com grupos terroristas”.
Istambul acordou, esta manhã, sobre um enorme destacamento policial, que cercou a casa de Ekrem Imamoglu para o prender.
Além do autarca, que é o principal opositor do atual regime turco, cerca de 100 colaboradores e funcionários municipais do Partido Popular Republicano (CHP, na sigla em turco) de Imamoglu foram detidos.
“Centenas de polícias chegaram à minha porta. (…) A polícia invadiu a minha casa e derrubou minha porta”, anunciou Imamoglu na rede social X. “Estamos a enfrentar uma enorme tirania, mas quero que saibam que não serei desencorajado”, disse.
“A vontade do povo está a sofrer um golpe”, lê-se na descrição.
Millet iradesine darbe vuruluyor. pic.twitter.com/waXHu23ZVN
— Ekrem İmamoğlu (@ekrem_imamoglu) March 19, 2025
Um dos colaboradores do autarca disse à agência de notícias France-Presse que Imamoglu foi detido e levado para a esquadra da polícia.
Mas porquê?
De acordo com um comunicado de imprensa do gabinete do Ministério Público em Istambul, Imamoglu é acusado de estar “à frente de uma organização criminosa com fins lucrativos” como parte de uma investigação sobre corrupção.
O comunicado menciona ainda acusações de “apoio ao PKK”, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que é considerado como um grupo terrorista pela Turquia.
Protestar está proibido, mas…
Entretanto, as autoridades turcas encerraram várias estradas em torno de Istambul e proibiram manifestações na cidade por quatro dias num aparente esforço para evitar protestos após a detenção do autarca.
Apesar disso, as pessoas contrariaram as ordens e saíram à rua em força – principalmente os estudantes, em frente à Universidade de Istambul.
İstanbul Üniversitesi’nde Ekrem İmamoğlu’na destek için toplanan öğrenciler polis barikatını yıkarak Beyazıt Meydanı’na ulaştı pic.twitter.com/Q1WYNegobq
— Kayhan AYHAN (@kayhanayhann) March 19, 2025
İstanbul Üniversitesi’ndeki yürüyüşte öğrenci seli polis barikatını böyle aştı!https://t.co/MYXuZcOj5z pic.twitter.com/UgcWd1xaQq
— BirGün Gazetesi (@BirGun_Gazetesi) March 19, 2025
Imamoglu foi eleito pela primeira vez em 2019, pondo fim a um quarto de século de domínio dos islamitas na maior cidade da Turquia.
O social-democrata foi reeleito em março de 2024.
Grande rival de Erdogan
Recentemente, Imamoglu tem sido apontado como o rival mais provável do chefe de Estado da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, nas próximas eleições presidenciais. Mas não está a ter a vida fácil.
Esta terça-feira, a Universidade de Istambul, uma instituição pública de ensino superior, anulou os diplomas de 28 pessoas, incluindo Imamoglu, com base nas conclusões de uma comissão de investigação interna sobre suposta “falsificação de documentos oficiais”.
A decisão acrescenta mais um obstáculo adicional à possível candidatura de Imamoglu à presidência turca. Isto, porque, de acordo com a Constituição turca, os candidatos à presidência do país devem ter um diploma do ensino superior.
Precisamente em frente à Universidade, os estudantes continuam os protestos, desde o início da manhã.
İstanbul Üniversitesi’nde polis barikatını aşan öğrenciler ana kapı önünde “Tayyip istifa” sloganları ile eyleme devam ediyor pic.twitter.com/tIMxc7h64U
— Gazete Yolculuk (@gazeteyolculuk) March 19, 2025
İstanbul Üniversitesi öğrencileri Saraçhane’ye yürüyor.pic.twitter.com/J4a5zLh5FP
— Etkili Haber (@etkilihaber) March 19, 2025
“Tentativa de golpe”
Além disso, a detenção aconteceu dias antes do CHP realizar as primárias no domingo, onde Imamoglu deveria ser escolhido como candidato para as futuras eleições presidenciais, previstas para 2028.
O presidente do CHP, Ozgur Ozel, denunciou a detenção de Imamoglu como “uma tentativa de golpe contra o próximo presidente“.
ZAP // Lusa