Travar a escalada da inflação sem que tal resulte numa recessão mundial severa é uma das prioridades dos responsáveis que estarão hoje reunidos para discutir a política económica mundial.
Penha Longa, em Sintra, será o palco de uma das reuniões mais aguardadas do Banco Central Europeu, a qual decorrerá num clima de grande incerteza e receio sobre o que trará o futuro. No topo das prioridades dos responsáveis dos principais bancos centrais mundiais estará uma forma de conseguir travar a escalada da inflação sem que tal resulte em lançar a economia numa recessão.
Para além dos principais responsáveis da autoridade monetária da zona euro, marcarão ainda presença os líderes de outros bancos centrais, como Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, ou Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra. O que une todos estes responsáveis? O facto de estarem a colocar em prática um ciclo de subida das taxas de juro, com o objetivo de controlar a subida da inflação.
Tal como destaca o jornal Público, ainda na última semana, a Reserva Federal norte-americana subiu a taxa de juro de referência em 0,75 pontos percentuais, a maior subida dos últimos 28 anos. Este passo segue-se ao do BCE, que no início do mês também anunciou que irá começar a subir as suas taxas de juro, ao fim de onze anos.
A mesma fonte explica que, perante a dinâmica de subida de preços, esta é uma opção pouco surpreendente — e até tradicional — dos bancos centrais. A perspetiva é que a ação acabe por refletir uma evolução mais moderada dos preços. No entanto, a dúvida estará no ritmo e na dimensão da subida das taxas de juro. É que associado a uma subida das taxas de juro pode facilmente surgir uma recessão. Ainda segundo a mesma fonte, o objetivo é assegurar a uma aterragem suave da economia.
As críticas de alguns dos economias mais reputados vão precisamente neste sentido. Argumentam que, perante o atraso de muitos dos bancos centrais em responder à subida da inflação, criaram-se condições para uma aterragem descontrolada das economias, o que obrigará a uma subida das taxas de juro de forma mais abrupta. Existe ainda a possibilidade de este método não ser totalmente eficaz, o que poderia contribuir para um cenário de estagflação.