Dmitry Rogozin, diretor-geral da agência espacial russa Roscosmos, acusou os Estados Unidos de sabotagem, depois de o Governo norte-americano ter anunciado sanções económicas contra 103 empresas chinesas e russas.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos aplicou, na segunda-feira, sanções económicas contra uma longa lista de empresas chinesas e russas que, supostamente, mantêm laços com os órgãos militares dos seus países.
Uma das empresas é o Centro Espacial Progress Rocket, na Rússia, que fabrica os foguetes Soyuz utilizados pelo programa espacial do país. As restrições impedem as empresas de comprar uma ampla gama de produtos e tecnologia dos Estados Unidos, informaram altos funcionários do Departamento de Comércio norte-americano.
As empresas que surgem na lista divulgada não são propriamente uma surpresa. No entanto, o número de empresas russas com negócios relacionados com as áreas da aviação, foguetes e dispositivos nucleares duplicou em relação à previsão feita pela Reuters, em novembro.
No comunicado divulgado, Wilbur Ross, secretário de Comércio dos Estados Unidos, disse que “o Departamento reconhece a importância de alavancar as parcerias dos EUA e empresas globais para combater os esforços da China e da Rússia que tentam desviar a tecnologia americana para os seus programas militares desestabilizadores“.
A decisão norte-americana não agradou Dmitry Rogozin, diretor-geral da agência espacial russa Roscosmos. À agência de notícias estatal RIA Novosti, o responsável acusou as sanções de serem “ilegais como todas as outras sanções impostas anteriormente contra indivíduos e entidades legais russas”.
Já no passado sábado, dia 19 de dezembro, Rogozin publicou no Facebook uma farpa ao Governo norte-americano. De forma irónica, questiona se os profissionais da SpaceX conseguiriam trabalhar em temperaturas dezenas de graus abaixo de zero. “Nós estamos habituados”, escreveu.
Em 2014, Rogozin disse que a NASA poderia usar um trampolim para enviar astronautas ao Espaço se cortasse os laços com a Roscosmos. Ao que parece, o recente anúncio do Departamento de Comércio dos Estados Unidos voltou a não cair bem ao diretor-geral da agência espacial russa.
“Acontece que, agora, os nossos colegas norte-americanos têm o seu ‘trampolim’ a funcionar novamente e a primeira coisa que fazem é cuspir em Samara“, disse Rogozin citado pelo Ars Technica, numa menção à cidade russa onde se localiza o Centro Espacial Progress Rocket.