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A primeira bomba atómica da história revela detalhes sobre a formação da Lua

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A Experiência "Trinity" foi o primeiro teste nuclear da história, conduzido pelos Estados Unidos da América em 16 de Julho de 1945

A Experiência “Trinity” foi o primeiro teste nuclear da história, conduzido pelos Estados Unidos da América em 16 de Julho de 1945

Um grupo de cientistas descobriu, inesperadamente, que as condições criadas pela primeira bomba nuclear da humanidade são notavelmente semelhantes ao processo químico que formou a Lua.

A Lua é nosso companheiro mais próximo no Universo mas, após séculos de investigação, os especialistas ainda não sabem os pormenores da sua criação.

Uma das teorias mais fortes sobre a formação da Lua é a que de que esta foi produzida depois de um pequeno planeta, chamado Theia, colidir com a Terra, há cerca de 4,5 mil milhões de anos atrás. No entanto, nunca foram encontradas provas concretas da existência do Theia.

Na tentativa de esclarecer este mistério, os cientistas analisaram o deserto do Novo México, onde ocorreu a primeira experiência nuclear, a 16 de julho de 1945.

A “Trinity” foi um teste de uma bomba de plutónio de implosão, o mesmo tipo de arma usada posteriormente em Nagasaki (Japão). A detonação foi equivalente à explosão de cerca de 20 quilotons de TNT e aumentou as temperaturas locais para mais de 8000 °C.

“É o mais perto que conseguimos chegar das condições que devem existir num corpo planetário no início do sistema solar. As experiências de laboratório mal conseguem atingir tal temperatura” disse James Day, do Instituto de Oceanografia da Califórnia, à ABC.

Segundo os especialistas, a explosão fez com que a areia do deserto derretesse e se transformasse numa espécie de vidro verde, que ficou conhecido como “trinitita”.

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O resíduo vítreo deixado no piso desértico após o teste da bomba nuclear Trinity

Trinitita é o resíduo vítreo deixado no piso desértico após o teste da bomba nuclear Trinity

Após a análise da composição da trinitita, os cientistas mediram a presença de certos elementos específicos nos cristais criados e conseguiram reconstruir a formação dos materiais radioativos, no momento da explosão.

James Day e a sua equipa concluíram que os cristais de trinitita encontrados mais próximas do epicentro eram pobres em elementos como o zinco, que se vaporiza a temperaturas mais elevadas.

Além disso, entre os átomos de zinco existentes, descobriram que aqueles que estavam mais próximos do epicentro eram ricos em isótopos – átomos com a mesma propriedade do zinco mas com um número de neutrões diferente.

“Os resultados mostram que a evaporação a altas temperaturas, semelhante ao que ocorre durante as fases iniciais da formação de um planeta, leva à perda de elementos voláteis. Isto era algo que suspeitávamos, mas não tínhamos provas suficientes para o confirmar”, adiantou Day.

De acordo com o estudo publicado na Science Advances, o impacto colossal entre a Terra e o planeta Theia terá produzido uma destruição inimaginável que aumentou a temperatura para níveis semelhantes aos causados pela primeira bomba atómica da história.

Aliás, os especialistas encontraram várias semelhanças entre as trinititas e as rochas lunares, como o facto de ambas serem pobres em elementos voláteis e conterem pouca água.

“Temos a vantagem de poder usar informações de um evento que mudou a história para o benefício da ciência, para dados científicos importantes”, destacou Day.

Graças à experiência nuclear “Trinity”, que é considerada como o marco do início da chamada Era Atómica, os cientistas conseguiram provas mais fortes sobre o que até agora era uma mera teoria sobre a formação da Lua.

ZAP //

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