Um estudo publicado esta semana revela novas medições em rochas terrestres e lunares que trazem detalhes inesperados sobre a relação da Lua com a Terra. Segundo os geoquímicos, a Lua é o manto da proto-Terra, realocado.
Uma das teorias mais fortes sobre a formação da Lua é a que de que esta foi produzida depois de um pequeno planeta, chamado Theia, colidir com a Terra, cerca de 4,5 mil milhões de anos atrás. A teoria de que a Lua foi formada por restos desta colisão – a Teoria de Impacto Gigante – explica o tamanho atual do satélite, mas testes realizados com pedras lunares revelam algo a mais.
Acreditava-se que esse corpo tinha apenas “raspado” na Terra, mas agora os investigadores apontam que o impacto foi mais “como uma marreta a atingir uma melancia“, de acordo com os resultados publicados esta semana na Nature.
“Ainda estamos a medir novamente as amostras recolhidas pelo programa Apollo na década de 70, já que a tecnologia se desenvolveu bastante nos últimos anos. Podemos avaliar diferenças muito pequenas entre a Terra e a Lua e encontramos uma série de coisas que não vimos na década de 70”, descreve Kun Wang, um dos autores do estudo, ao Gizmodo.
Kun Wang, geoquímico da Universidade de Washington, afirma que o modelo antigo não é suficiente para explicar o que foi observado recentemente.
Uma série de testes foi realizada para tentar encontrar diferenças nas assinaturas dos isótopos, e finalmente encontraram uma que aponta para uma origem ainda mais próxima. Nas novas análises químicas, os investigadores encontraram compostos isotópicos quase idênticos.
As assinaturas dos isótopos eram iguais, com exceção de uma que marcava uma concentração de potássio muito alta e que requer altíssimas temperaturas para ser separada. Esta descoberta leva os investigadores a acreditar que a colisão entre a Terra e esse outro corpo celeste tenha sido violenta a ponto de gerar tamanhas temperaturas.
Com o aumento da temperatura e o choque intenso, o corpo celeste e a Terra tiveram grande parte de sua extensão vaporizada. Antes de arrefecer e se condensar na Lua, o vapor gerado pelo impacto se expandiu em uma área 500 vezes maior do que o nosso planeta.
“O impacto gigante deveria ser chamado de impacto extremamente gigante. A quantidade de energia necessária não é nem próxima do que imaginávamos”, disse Wang.
As novas descobertas não alteram a concepção de como a Lua foi formada, mas apontam para um sistema solar mais volátil. “Tudo o que sabemos sobre o início do sistema solar vem do nosso estudo de amostras lunares e de meteoritos. Isto muda o nosso entendimento de como era o sistema solar, e parece-nos que era muito mais violento do que pensávamos”, disse Wang.
As amostras de pedras lunares recolhidas pelo programa Apollo continuarão a ser estudadas para encontrar novas pistas. Os cientistas acreditam que ainda há muito a ser descoberto com a ajuda dessas pequenas amostras.
ZAP / Canal Tech