Presidente dos EUA interrogado sobre documentos confidenciais encontrados em casa e escritório

Pete Marovich / EPA

Joe Biden

O Presidente dos EUA foi questionado no âmbito da investigação sobre uma série de documentos oficiais confidenciais encontrados num antigo escritório, bem como numa casa de família, disse a Casa Branca.

O interrogatório, descrito como voluntário, decorreu no domingo e na segunda-feira, o que indica que Joe Biden “e a Casa Branca estão a cooperar” com a investigação, liderada pelo procurador especial Robert Hur, de acordo com um comunicado divulgado na segunda-feira.

Na mesma nota, o porta-voz Ian Sams garantiu que, “conforme apropriado”, a Presidência forneceu publicamente “atualizações relevantes, sendo tão transparentes quanto possível e consistentes com a proteção e preservação da integridade da investigação”.

O FBI já tinha feito duas buscas que envolveram também Biden. Nas primeiras, em novembro, encontraram um conjunto de documentos confidenciais no Biden Center, na Universidade da Pensilvânia, usado como escritório por Biden depois de sair da Casa Branca no mandato de Barack Obama, em 2017.

Em dezembro foram feitas buscas no Delaware, no leste dos Estados Unidos, e no antigo escritório, em Washington, tendo sido encontrado um segundo conjunto de documentos confidenciais, relativos ao período em que Biden era vice-Presidente dos EUA.

Já em janeiro deste ano, o presidente meteu-se em apuros outra vez.

De acordo com os meios de comunicação do país, os primeiros documentos incluíam informações dos serviços de informação norte-americanos sobre a Ucrânia, o Irão e o Reino Unido. Num primeiro momento, após a descoberta, o staff do atual presidente tratou de entregar a documentação oficial aos Arquivos Nacionais, tal como prevê a lei nestes casos.

Os advogados do Presidente confirmaram que foi encontrado “um pequeno número de documentos confidenciais da administração Biden-Obama” e que “todos, à excepção de um” estavam na garagem, estando o outro num quarto de arrumos adjacente à garagem.

Os documentos remontam ao período em que Biden foi vice-Presidente (2009-2017) e às três décadas que o democrata passou no Senado, a câmara alta do parlamento norte-americano, durante as quais esteve fortemente envolvido na política externa do país.

A descoberta dos documentos causou embaraço à Casa Branca, uma vez que surgiu pouco depois do caso dos mais de 100 documentos confidenciais encontrados pelo FBI na mansão do ex-Presidente Donald Trump (2017-2021), em Mar-a-Lago (Florida).

A lei dos Estados Unidos exige aos Presidentes e vice-Presidentes a devolução de todos os documentos oficiais, comunicações e outras notas para o Arquivo Nacional norte-americano.

A Casa Branca e Biden têm sublinhado total disposição para colaborar nas investigações e tentaram distanciar-se do caso de Trump. O atual Presidente garantiu que desconhecia ter aqueles documentos.

A 12 de janeiro, o secretário da Justiça, Merrick Garland, avançou com a nomeação do conservador Robert Hur como procurador especial para analisar os papéis classificados como secretos e encontrados em locais privados, incluindo na casa do ex-vice-Presidente Mike Pence.

“Os registos adicionais parecem ser um pequeno número de documentos com marcas classificadas que foram inadvertidamente encaixotados e transportados para a casa pessoal do ex-vice-presidente no final do último Governo”, disse o advogado de Pence.

O caso de Pence é muito diferente do de Trump, já que o ex-vice-Presidente solicitou uma revisão dos documentos guardados na sua casa, logo que foram descobertos outros documentos no seu antigo escritório.

O Departamento de Justiça está também a tentar determinar se Trump, ou alguém da sua equipa, obstruiu criminalmente a investigação ao recusar entregar os documentos.

A situação obrigou o Arquivo Nacional dos Estados Unidos a pedir a todos os antigos Presidentes e vice-Presidentes do país para rever os seus registos pessoais a fim de determinar se têm documentos confidenciais.

ZAP // Lusa

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