A Inspetora-Geral da Administração Interna (IGAI) admite que a presença da extrema-direita entre as forças de segurança é uma das suas preocupações.
Em entrevista ao Público e à Renascença, a atual Inspetora Geral da Administração Interna (IGAI), Margarida Blasco, revelou que uma das suas preocupações é a eventual presença da extrema-direita entre as forças policiais portuguesas.
Aliás, esse foi um dos pontos destacados no último Relatório Anual de Segurança Interna, do ano passado, que aludia a “grupos criminosos violentos e organizados” ligados à segurança privada, com especial incidência no sector da diversão noturna.
“Não tenho indicação de que exista uma infiltração organizada, em forma de associação criminosa. Tenho queixas que são analisadas e investigadas. Não vou dizer qual o resultado de investigações que estejam em curso”, confirmou a juíza na entrevista desta quinta-feira.
Porém, “se detetar algum membro das forças de segurança a prestar serviço numa destas empresas atuará. É uma situação que tem sido muito fiscalizada, até porque há departamentos na PSP que fazem esse controlo”, acrescenta.
Questionada sobre se há racismo entre as forças de segurança, a inspetora considera que essa é uma pergunta que deve ser feita ao cidadão, “que tem meios para dizer se acha que foi vítima de racismo”, mas afirma que o IGAI toma medidas para evitar esses casos.
A responsável foi ainda confrontada com o último relatório do comité anti-tortura do Conselho da Europa, que colocou Portugal como um dos países da Europa ocidental com mais violência policial.
“As propostas do comité passavam por dotar a IGAI de um corpo de inspetores mais elevado. Temos 14 inspetores no quadro e neste momento estão preenchidos 11 lugares. Obviamente concordo que é necessário ter mais inspetores”, explica.
Margarida Blasco considera, assim, que inspecionar as forças policiais é uma missão muito complicada porque são apenas 14 inspetores para 50 mil polícias.
Sobre os processos que o IGAI está a investigar sobre o desempenho da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) nos incêndios do ano passado, a inspetora, que também foi a primeira mulher a exercer o cargo de diretora-geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS), não avança qualquer data para a sua conclusão.
Os inspetores estão a “tentar perceber o que falhou a nível das ações ou falta delas no terreno, que deveres funcionais deviam ter sido feitos. Se a atuação de cada um foi consentânea com o papel que lhe era exigido pela administração”.