Preços dos alimentos sobem mais em Portugal do que na Zona Euro

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Oito dos dez bens e serviços que mais subiram de preço em Portugal do que na Zona Euro são produtos alimentares.

De acordo com o Público, que cita responsáveis do setor e da distribuição, o aumento do custo do transporte dos bens e os preços “historicamente baixos” de alguns produtos são apontados como as causas deste comportamento.

O produto onde a diferença foi maior é o gás natural que, em Portugal, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), subiu no mês de novembro, mantendo uma inflação homóloga de 143,2% em dezembro, contra os 51,9% da zona euro.

Ovos, leite fresco, fruta em conserva, comida de bebé, carne de porco, açúcar, legumes e arroz são os bens que subiram mais em Portugal do que na Zona Euro, segundo um levantado publicado neste sábado pelo jornal.

Nos produtos onde acontece o oposto, destacam-se os energéticos. Com a exceção do gás natural, os preços da energia em Portugal não subiu tanto como na zona euro. A subida de preços do carvão foi de 27,8% em Portugal e de 66,3% na zona euro; e nos combustíveis líquidos a inflação nacional foi de 21% e na zona euro foi de 42,9%.

A situação contraria o cenário imediatamente antes da atual crise inflacionista: o ritmo a que estavam a crescer os preços dos alimentos em Portugal era menor do que o registado na zona euro. Em outubro de 2021, a inflação nos bens alimentares em Portugal era de 0,5%; na zona euro estava nos 1,8%.

Os responsáveis contactados pelo Público apresentam várias explicações para o facto de os preços em muitos alimentos terem subido em 2022 bastante mais do que no resto da zona euro.

“Como é que se fazem ovos ou se criam porcos? É dando-lhes de comer com rações e tendo energia para os aquecer, transporte e, no caso da carne de porco, para a refrigeração da carne”, disse o secretário-geral da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, Luís Mira.

“Energia e comida são, se calhar, 90% do custo – é tudo”, declarou para resumir porque é que os preços de certos bens agrícolas subiram tanto de preço no último ano no país. “Os preços só podem vir a descer se a razão pela qual eles sobem também descer, que é energia versus rações”, frisou.

“Os aumentos de todos os custos de produção foram de tal ordem que se tornaram insustentáveis”, apontou o presidente da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, Idalino Leão. E “obrigou que os preços fossem corrigidos num curto espaço de tempo”, acrescentou.

Para o director-geral da APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, a disparidade de subida de preços entre Portugal e a média dos países da zona euro “assenta num conjunto de factores relacionados com a produção, indústria e transporte”.

“A produção nacional tem um enquadramento diferente de outros Estados-membros da União Europeia, nomeadamente na questão do preço dos fertilizantes, no acesso aos cereais [dos quais é dependente, em alguns casos, em mais de 90%], nos custos energéticos, de combustíveis fósseis e transporte e nos custos das embalagens”, disse o responsável.

ZAP //

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