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Do café aos brinquedos. Preço do transporte de mercadorias vai atingir a nossa carteira mais cedo do que se pensava

Ross Setford / EPA

Os preços exorbitantes do transporte de mercadorias pelo mundo poderão atingir a sua carteira mais cedo do que pensa.

Mais de 80% de todo o comércio de mercadorias é transportado pela via marítima, mas o alto custo dos fretes ameaça elevar o preço de brinquedos, móveis, café, açúcar e até anchovas, além de acentuar as preocupações dos mercados globais com a aceleração da inflação.

A Bloomberg, citada pela Time, explica que fatores como portos saturados, maior procura, e escassez de contentores, navios e trabalhadores portuários contribuem para a redução da capacidade das rotas.

Antigamente, o frete marítimo era desconsiderado nas projeções de inflação por representar uma parcela ínfima da despesa total, mas, com este aumento, os economistas viram-se obrigados a prestar mais atenção a este “pormenor”.

O HSBC Holdings estima que um aumento de 205% no custo do envio de contentores em relação ao ano passado poderia aumentar os preços dos produtores da Zona Euro em até 2%.

Os fornecedores deparam-se, assim, com três opções: interromper o comércio internacional, aumentar os preços ou absorver o custo para repassá-lo mais tarde – na prática, tudo isto se traduziria num encarecimento dos produtos, explicou Jordi Espin, gestor de relações estratégicas do Conselho de Transportadores Europeus, um grupo comercial com sede em Bruxelas.

Mas os preços pagos pelo consumidor final também estão a subir de outras maneiras, conforme destaca a Bloomberg. A Europa, por exemplo, deixou praticamente de importar anchovas do Peru porque o aumento do custo do frete deixou o alimento menos competitivo do que a versão que está disponível localmente.

Outro exemplo recai sobre os produtores europeus de azeitonas que não conseguem exportar para os Estados Unidos.

Os gargalos marítimos e os preços exorbitantes do transporte de mercadorias também prejudicam a circulação de café arábica, o preferido da Starbucks, e de café robusta, usado para fazer café instantâneo, proveniente da Ásia.

São poucos os especialistas que esperam que as taxas de transporte de mercadorias recuem em breve. Ainda na semana passada, Lars Jensen, CEO da consultora Vespucci Maritime, em Copenhaga, disse que “não há folga zero no sistema“.

ZAP //

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