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Linha de Fundo: Prata dourada e outro sonho a chegar

Crónica ZAP - Linha de Fundo por Teófilo Fernando

A maldição Sub-21. O ensaio espanhol na contagem decrescente para o Euro2020. Os “nossos” 26, outros números e curiosidades. Visto da Linha de Fundo.

Um dia seremos felizes

  • Final Europeu Sub-21: Alemanha (Nmecha 49′) 1 – 0 Portugal

A seleção portuguesa de sub-21 somou o terceiro desaire em finais do Europeu da categoria, ao perder com a Alemanha por 1-0, no jogo decisivo da 23.ª edição, em Ljubljana, na Eslovénia.

Depois de 2015, Rui Jorge perdeu a segunda final de um Europeu de sub-21. A maldição continua.

Uma final do Europeu de seleções A, uma final da Liga das Nações, uma final do Mundial Sub-20, quatro finais do Europeu Sub-19, uma final do Europeu Sub-17, a segunda final do Europeu Sub-21. Dez finais numa década. Continua a faltar o título na categoria Sub-21.

Jogo perdido pela margem mínima, mas onde a equipa lusa mostrou mais uma vez um futebol de qualidade, conseguindo entrar melhor na partida.

Os germânicos conseguiram equilibrar a partir dos quinze minutos, passando Portugal a evidenciar mais dificuldades quer para ter bola, quer para conseguir sair na resposta em contra-ataque. Tudo empatado ao intervalo, mas os alemães mais perigosos durante a primeira parte.

A abrir o segundo tempo Baku isolou Nmecha, o avançado driblou Diogo Costa e rematou para o fundo da baliza.

A perder, Portugal passou a ser mais audaz e procurou chegar ao empate.

Conseguiu encostar a Alemanha, teve mais bola, a equipa foi mais ofensiva e criou oportunidades. A formação das “quinas” nunca se rendeu, com isso ficou mais exposto e poderia ter sofrido novamente não fosse a enorme exibição de Diogo Costa, negando o golo a Adeyemi por duas vezes, e a Nmecha.

Rui Jorge usou os trunfos à disposição. Entraram Jota e Francisco Conceição por TT. Depois Gedson para o lugar de Florentino e Conté por Gonçalo Ramos.
Portugal tentou tudo, mas esbarrou na competente e rigorosa seleção alemã. O título fugiu pela terceira vez na história.

Depois de 1994 e de 2015, 2021. A maldição continua, mas esta seleção merece um grande aplauso… e merecia ter tido outra sorte.

Tão amigos

  • Espanha 0 – 0 Portugal

Valeu o empate, resultado do primeiro jogo de preparação para o Campeonato da Europa, com o detentor do título a mostrar pouco futebol, muita passividade e escassez de ideias.

Mesmo com um lote de jogadores de elevada qualidade à disposição de Fernando Santos, a equipa portuguesa fez mais uma exibição apagada, sendo a maioria do jogo claramente inferior ao adversário.

Portugal nunca assumiu o jogo, não agiu, preferiu reagir, vendo a Espanha criar várias situações onde podia ter marcado. Valeu Pepe, esteve excelente, tal como o parceiro José Fonte, e ainda Rui Patrício.

Quanto a Pepe… é cada vez mais um caso muito especial. Com 38 anos, três meses e nove dias, Pepe foi o jogador mais velho a pisar o relvado do Wanda Metropolitano no duelo ibérico. Superou Ricardo Carvalho, que havia jogado com 38 anos, um mês e quatro dias contra a Hungria, na fase de grupos do Euro2016. Pepe foi substituído aos 59 minutos, acabando por sair, debaixo dos aplausos dos adeptos espanhóis. “Pepe, Pepe, Pepe” foi o que se ouviu no Wanda Metropolitano durante largos segundos.

Voltando à história do jogo, que da parte portuguesa teve pouco para contar, foi sempre a Espanha a criar mais. Teve mais posse der bola (71% na primeira parte e 359-103 em passes; 64% de bola e 645-302 em passes no fim) e chegou com mais facilidade ao ataque. Números que também podem ilustrar outra realidade: Portugal deixou jogar, foi coeso a defender, sem apresentar grandes preocupações ofensivas. Foi amigável demais. Portugal fez apenas um único remate à baliza espanhola!

Só na parte final da partida, com as substituições promovidas pelo selecionar de Portugal – entradas de William Carvalho e Bruno Fernandes e depois Palhinha, e já com Pedro Gonçalves lançado ao intervalo – foi possível ver outra reação e uma melhor versão da equipa lusa. Ligeira subida de rendimento, incapaz de apagar um teste que inspira confiança numa seleção que quer revalidar o título de campeão Europeu.

Portugal tem agora novo encontro particular marcado com Israel (9 de junho), o último antes de defrontar a Hungria na jornada inaugural do Grupo F do Europeu.

Onze inicial de Portugal: Rui Patrício, Nélson Semedo, Pepe, José Fonte, Raphael Guerreiro, Danilo Pereira, Sérgio Oliveira, Renato Sanches, Diogo Jota, João Félix e Cristiano Ronaldo.

Jogaram ainda: Pedro Gonçalves, William Carvalho, Bruno Fernandes, João Palhinha, Rafa Silva e Nuno Mendes.

Frases da Semana

“Custa muito, mas é a nossa profissão. Custa por nós, equipa técnica, mas custa muito pelos jogadores. Claro que conduzi-los até à final é algo que nos deixa orgulhoso. Dar-lhe a possibilidade de estarem nestes palcos a discutir estes troféus, deixa-nos imensamente satisfeitos. Quando se chega a este jogo, há um troféu para levar. Lutámos novamente por ele, mas uma vez mais não o conseguimos agarrar. É muito duro. Temos de respirar fundo muitas vezes e fazer uma preparação prévia para tudo isto. O treinador tem de tentar ao máximo lidar com as emoções.” Rui Jorge, selecionador Sub-21 de Portugal.

“Agradecer essa confiança depositada em mim e na equipa técnica, à direção e nação portista. Eu não falo há algum tempo, perdi o hábito, também li e vi que Sérgio exigia isto e aquilo… Eu não exijo nada, sou exigente por natureza. Porque estou num clube exigente, com o presidente mais titulado do Mundo, com muitos títulos nacionais, 7 títulos internacionais que honram a nação portista e Portugal, fomos em muitas situações o estandarte lá fora, clube que me obriga a ser melhor todos os dias e eu estou habituado a trabalhar com gente dessa. Quando o presidente me falou e falámos sobre a renovação, obviamente que há outras coisas muito mais importantes do que o dinheiro e o contrato. Conta sim o que é a minha, a nossa ambição, a dedicação ao clube, o que queremos todos os dias para sermos mais fortes e continuarmos a ser um clube vencedor.” Sérgio Conceição, treinador do FC Porto.

“O que eu lhe garanto é que o Sérgio Conceição não vai ter a melhoria de um euro no novo contrato com o FC Porto. Vi nos jornais que tinha exigências disto e daquilo. O Sérgio Conceição vai ser treinador do FC Porto, sem melhoria de um euro no novo contrato.” Pinto da Costa, presidente do FC Porto, em entrevista à TSF e JN.

“Com a mesma atitude e mentalidade que fomos a 2016, 2018 e 2019. Somos candidatos à vitória, sabendo que temos sete a oito equipas fortíssimas também. Defrontámos uma das melhores equipas europeias, a Espanha. Temos outras: Alemanha, Itália, Inglaterra… Há oito, nove candidatos no mínimo, que têm essa ambição legítima de chegar à vitória. Há coisas a melhorar, claramente. Mas o empenho e a vontade de fazer bem, a determinação, o trabalho corresponderam em pleno. Os jogadores deram o que tinham para dar, agora é uma questão de afinarmos em termos coletivos.” Fernando Santos, selecionador de Portugal.

“É um orgulho poder estrear-me pela seleção, vou continuar a trabalhar para conquistar mais. Foi uma exibição boa contra uma das melhores seleções do mundo. Fernando Santos disse para me divertir, respeitar posicionamentos ao longo da semana.” Pedro Gonçalves, jogador do Sporting CP.


“O Fernando Santos é o homem certo no lugar certo. É muito estável, calmo. E conhece os jogadores muito, muito bem. Rúben Dias é o melhor central do mundo, neste momento. Cristiano Ronaldo já não é um miúdo e este será, provavelmente, o seu último Euro. Depois de ter sido campeão europeu, vai tentar tudo para ter sucesso uma última vez. Mas o grupo de Portugal é tão forte que, se me dissessem que Portugal não passava, eu não ficava surpreendido. Jogamos com a França em França, com a Alemanha na Alemanha e com a Hungria na Hungria. Portanto, é uma situação complicada, mas se passarmos por ele, somos capazes de ir até ao fim do torneio.” José Mourinho, treinador da Roma, num artigo publicado no jornal inglês The Sun.

“Tentámos em 2010 e não conseguimos. Vamos lutar agora para corrigir esse momento e garantir que o Mundial de futebol de 2030 possa acontecer na Península Ibérica. Estar aqui hoje nesta cerimónia perante as mais altas figuras dos dois países é motivo de responsabilidade e honra. A viagem começa agora. Unidos e a uma só voz, vamos 2030.” Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

“É difícil passar para palavras o que sinto. Fiz provavelmente uma das melhores corridas da minha carreira. Foi tudo difícil: os pneus, a pressão do Fabio… Mas mantive a calma quando ele me ultrapassou, vi a oportunidade no final da reta e passei-o. Foi uma corrida perfeita. Não consigo agradecer o suficiente à KTM pela moto que me colocaram e que me permitiu chegar ao topo hoje. Quero agradecer também aos fãs. Foi tudo fantástico com público hoje. Sabe bem estar de volta ao normal.” Miguel Oliveira, piloto KTM.

Euro2020

Aos seus lugares para defender o que é nosso

Portugal, o detentor do troféu, integra o Grupo F do Euro2020, juntamente com Hungria, Alemanha e França, com estreia marcada na competição para 15 de junho, diante dos húngaros, em Budapeste, antes de defrontar os germânicos, no dia 19, em Munique, e a França, a 23, novamente na capital magiar.

O Euro2020, que foi adiado para este ano devido à pandemia de covid-19, realiza-se em 11 cidades de 11 países, entre 11 de junho e 11 de julho.

  • 16.ª edição do Campeonato da Europa de Futebol
  • 24 Seleções
  • 622 jogadores
  • 51 jogos
  • 8.ª presença da Seleção de Portugal em Campeonatos da Europa (1984, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012, 2016 e 2020).
  • Mais presenças: Espanha (11)
  • Mais títulos: Espanha e Alemanha (3)
  • Estreias: Finlândia e Macedónia do Norte
  • 1.ª jogo: Turquia – Itália (11 de junho/20h00), no Estádio Olímpico de Roma
  • 2 árbitros portugueses nomeados pela UEFA: Artur Soares Dias é um dos 18 árbitros designados para marcar presença no Euro2020 de futebol. O árbitro João Pinheiro também faz parte das escolhas da UEFA para esta competição, tendo sido nomeado para as funções de VAR.

Os “nossos” 26 para o Euro2020: 1 Rui Patrício, 2 Nélson Semedo, 3 Pepe, 4 Rúben Dias, 5 Raphaël Guerreiro, 6 José Fonte, 7 Cristiano Ronaldo, 8 João Moutinho, 9 André Silva, 10 Bernardo Silva, 11 Bruno Fernandes, 12 Anthony Lopes, 13 Danilo Pereira, 14 Wiliam Carvalho, 15 Rafa, 16 Renato Sanches, 17 Gonçalo Guedes, 18 Rúben Neves. 19 Pedro Gonçalves, 20 João Cancelo, 21 Diogo Jota, 22 Rui Silva, 23 João Félix, 24 Sérgio Oliveira, 25 Nuno Mendes e 26 João Palhinha.

Guarda-redes: Anthony Lopes (Lyon), Rui Patrício (Wolverhampton) e Rui Silva (Granada).

Defesas: João Cancelo (Manchester City), Nélson Semedo (Wolverhampton), José Fonte (LOSC Lille), Pepe (Porto), Rúben Dias (Manchester City), Nuno Mendes (Sporting), Raphaël Guerreiro (Dortmund).

Médios: Danilo Pereira (Paris), João Palhinha (Sporting), Rúben Neves (Wolverhampton), Bruno Fernandes (Manchester United), João Moutinho (Wolverhampton), Renato Sanches (Lille), Sérgio Oliveira (FC Porto) e William Carvalho (Bétis).

Avançados: Pedro Gonçalves (Sporting), André Silva (Eintracht), Bernardo Silva (Manchester City), Cristiano Ronaldo (Juventus), Diogo Jota (Liverpool), Gonçalo Guedes (Valência), João Félix (Atlético) e Rafa Silva (Benfica).

Numa lista com 11 campeões europeus em 2016, a principal novidade nos convocados de Portugal é o estreante Pedro Gonçalves, ainda sem qualquer internacionalização A, que se sagrou recentemente campeão nacional pelo Sporting CP e melhor marcador da Liga portuguesa, com 23 golos.

Os 11 vencedores em 2016 que repetem agora a chamada são: Anthony Lopes, Rui Patrício, Pepe, José Fonte, Raphaël Guerreiro, Danilo Pereira, João Moutinho, Renato Sanches, William Carvalho, Rafa Silva e Cristiano Ronaldo.

Outros números e curiosidades

  • A Seleção de Portugal soma 8 derrotas em fases finais e está invicta na competição há 11 jogos – a última derrota foi frente à Alemanha, em 2012.
  • Fernando Santos é o treinador com mais jogos na competição. 4 pela Seleção da Grécia, 7 por Portugal (4 vitórias, 5 empates e 2 derrotas). 1 título de Campeão da Europa em 2016 pela Seleção portuguesa.
  • Excluindo guarda-redes, Pepe é o jogador mais velho convocado para o Euro 2020. 38 anos, 3 meses: Pepe. 37 anos, 11 meses: Pandev. 37 anos, 10 meses: Zhirkov.
  • Jogadores mais jovens convocados para o Euro 2020: 17 anos, 8 meses: Kacper Kozlowski (Polónia). 17 anos, 11 meses: Jude Bellingham (Inglaterra). 18 anos, 3 meses: Jamal Musiala (Alemanha). 18 anos, 7 meses: Pedri González (Espanha) e 18 anos, 9 meses: Heorhii Sudakov (Ucrânia).
  • Em comparação com o Euro 2016, a Bélgica é a seleção que mais jogadores repete na convocatória para o Euro 2020 (15). Portugal (11).
  • A Suécia é a seleção com média de idades mais alta no Euro 2020: 12 dos 26 convocados têm mais de 30 anos.
  • A Turquia é a seleção mais jovem do Euro 2020: dos 26 convocados, só Mert Gunok e Burak Yilmaz tem mais de 30 anos. Média de 24, 96 anos.
  • O campeão europeu Chelsea e o vice-campeão Manchester City são os clubes com mais jogadores no Euro 2020, cada equipa representada com 15 jogadores.

Teófilo Fernando, ZAP //

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