A Praça de Touros de Póvoa do Varzim vai ser transformada em multiusos e deixará de receber touradas, uma decisão que a Federação Portuguesa de Tauromaquia vai tentar reverter.
“Vamos fazer ali um investimento de cinco milhões de euros, construindo um multiusos que acolherá as mais variadas atividades desportivas e culturais ao longo de todo o ano, e a manutenção de instalações para a realização de corridas de touros seria uma grande condicionante, pelo que decidimos que, ali, deixará de haver touradas”, explicou Aires Pereira, presidente da Câmara de Póvoa de Varzim.
Disse ainda que, ultimamente, apenas se realizavam duas touradas por ano naquela praça e que a sociedade “se tem vindo a posicionar de forma diferente” em relação a essas corridas.
“Há uma outra sensibilidade em relação às touradas, as novas gerações olham-nas de forma diferente, este ano já não se fizeram garraiadas nas festas académicas e a câmara decidiu dar um novo uso àquela praça”, referiu ainda.
Este Verão, assegurou o presidente da Câmara, a Praça de Touros da Póvoa de Varzim acolherá as suas duas últimas corridas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Protoiro, Hélder Milheiro, manifestou “choque e surpresa” com a decisão e adiantou que já pediu uma reunião urgente com Aires Pereira para o tentar demover da ideia. “Estamos em crer que, com diálogo, tudo se resolverá”.
A Protoiro, Federação Portuguesa de Tauromaquia, diz que há soluções técnicas que permitirão “facilmente” a coexistência das mais variadas funcionalidades com a actividade tauromáquica e mostra-se “completamente disponível” para indicar especialistas com o know-how necessário para o efeito.
“Acreditamos que, com boa-fé e mobilização de conhecimento técnico, esta situação se resolverá com grande facilidade”, acentuou Hélder Milheiro.
A Protoiro aponta os casos das arenas do Campo Pequeno, Évora, Redondo ou Elvas, que foram recuperadas e acumulam “tranquilamente” a sua função tauromáquica com as mais diversas atividades desportivas e lúdicas.
“Seria um enorme contra-senso uma praça de touros ser reabilitada e não ter a sua principal função disponível, a não ser que exista alguma intenção oculta”, enfatizou.
Acrescentou que a tauromaquia é um “traço centenário” da cultura e identidade dos poveiros, sendo a sua praça um “ex-líbris” da cidade e da tauromaquia no Norte de Portugal. Disse ainda que a tauromaquia “é uma das marcas distintivas e uma das mais-valias” da oferta turística e cultural da cidade e da região.
O presidente da Protoiro lembrou ainda que a tauromaquia está classificada como “parte integrante da cultura popular portuguesa” e que impedir ou proibir manifestações culturais “é uma violação” da Constituição.
À Lusa, o presidente da Câmara lembrou que as touradas não passam a ser proibidas no concelho, mas apenas não se poderão realizar na atual arena. “Se alguém quiser promover uma tourada no concelho, nomeadamente numa arena amovível, contacta a Câmara e a Câmara logo decidirá”, referiu.
O projecto de transformação da praça de touros em multiusos, que contempla a cobertura do recinto, já está a ser elaborado, prevendo-se que a obra arranque em 2019 e esteja pronta no verão de 2020.
A corrida inaugural da Praça de Touros da Póvoa de Varzim decorreu a 19 de Junho de 1949.
// Lusa
Acabem de vez com o sacrifício publico de animais. A protoiro deveria preocupar-se mais com o meio ambiente: a reciclagem a limpeza dos sacos de plástico nos oceanos etc etc