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Portuguesa vítima de violência doméstica morreu no Reino Unido. Já tinha pedido ajuda 7 vezes

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A jovem morreu depois de ter sido atacada pelo companheiro. Uma investigação do The New York Times revela que a vítima já se tinha queixado sete vezes à polícia britânica.

Daniela Espírito Santo ligou sete vezes para a polícia antes de falecer.

No dia em que morreu, ligou para as autoridades e começou por contar que o companheiro, Paulo de Jesus, a tinha tentado estrangular na cama. A polícia deteve o suspeito, mas libertou-o horas depois, porque “não” parecia perigoso, “mostrou arrependimento” e prometeu que não voltaria à casa da companheira.

Contudo, isso não aconteceu. À tarde, a mulher voltou a ligar à polícia, contando que o namorado a tinha voltado a atacar e ameaçado de morte.

Como o agressor já tinha saído e Daniela disse que não precisava de ajuda médica nem de uma ambulância, a chamada foi transferida para uma linha de apoio não urgente.

Depois de oito minutos de espera, o assistente só conseguiu ouvir um bebé a chorar. Quando os agentes policiais foram à casa da vítima, uma hora depois do telefonema, encontraram-na morta com um bebé de meses nos braços.

Daniela sofria de problemas cardíacos e não terá resistido ao stress provocado pela situação, acabando por morrer a 9 de abril de 2020, durante o primeiro mês do confinamento britânico.

Por sua vez, Paulo de Jesus foi condenado a dez meses de prisão, pelo crime de ofensas corporais, depois de o Ministério Público britânico ter deixado cair a acusação de homicídio.

Isto porque o facto de Daniela sofrer de problemas cardíacos impossibilitava, na opinião dos procuradores, uma condenação por homicídio.

No entanto, de acordo com uma investigação do The New York Times, nos meses que antederam a sua morte Daniela ligou para a polícia sete vezes, incluindo as duas chamadas que fez no dia 8 de abril.

O jornal norte-americano aponta várias falhas na forma como a polícia britânica lidou com o caso.

Por exemplo, um dos polícias que o interrogou escreveu num relatório que a sua maior preocupação era “a saúde mental” do suspeito e que este não representava um perigo.

Charly Price-Wallace, amiga de infância da jovem, contou ao jornal que Daniela lhe confidenciou os seus problemas, como o facto do companheiro lhe ter esvaziado a conta bancária para comprar drogas, logo após o nascimento da filha.

Além disso, o homem espancou Daniela depois de esta o ter confrontado, deixando-a com “um enorme olho roxo”. “A maior parte da violência surgia por ele usar o dinheiro para comprar drogas e por ser questionado posteriormente por ela”, explicou Price-Wallace.

Em tribunal, a defesa de Paulo Jesus conseguiu demonstrar que o ataque cardíaco pode ter sido provocado por uma discussão verbal e que não foi resultado de uma agressão, o que levou a uma condenação de dez meses de prisão.

Apesar das críticas, a inspeção não recomendou quaisquer medidas disciplinares para os polícias.

A mulher estava no Reino Unido desde 1999, para onde emigrou com a família com apenas dois anos. Na altura em que morreu, trabalhava num lar de idosos em Grantham, perto de Lincolnshire, a 250 quilómetros de Londres.

ZAP //

5 Comments

    • Por “este andar”?
      Mas, há 20, 30, 50 ou 100 anos a situação era melhor ou pior?
      Pois… antes isto nem sequer era notícia!!
      Portanto, por “este andar”, as coisas vão evoluindo…
      No tempo do Salazar a mulher era um ser inferior e precisava da autorização do marido para quase tudo… nesse tempo, o marido até podia MATAR a mulher apanhada em adultério, sem qualquer problema penal ou sequer social…

      • Afinal quando te agrada sempre gostas falar do Salazar, no tempo do Adão e Eva parece que a situação era pior ainda, talvez a justiça de hoje comesse a ter algum saudosismo do passado!

  1. Afinal… parece que não é só em Portugal que estes casos acontecem, quem diria, num país tão educado e civilizado???
    IRONIAS à parte, é triste, desumano e claro, a CULPA morre sempre e mais uma vez solteira, pois nem AGRESSOR nem quem TINHA O DEVER DE PROTEGER são responsabilizados, com tantos “meandros”, “lacunas” e “preciosismos” constantes nas Leis. Por isso, muitas/os se interrogam: pedir ajuda para quê?! Como diz a sabedoria popular: “O cheiro é sempre o mesmo, só as moscas mudam”.
    Ah! E diria exactamente a mesma coisa se fosse um homem a ser agredido por uma mulher, ou outro homem, ou fosse o que fosse, OK?

    • Situações que acontecem dentro de casa são sempre complicadas de julgar e, o grande problema é que, na maioria parte dos casos, a vítima protege o agressor!…

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