A mulher portuguesa que escondeu a filha na mala do carro, durante os seus primeiros 23 meses de vida, foi condenada a 5 anos de prisão, com 3 anos de pena suspensa, por ter causado profundos atrasos de desenvolvimento físico e mental à criança.
A menina, de nome Serena, foi encontrada em 2013, dentro da mala de um carro quando tinha quase dois anos de vida, nua, muito suja, entre larvas e peluches, e apresentando sérios problemas de desenvolvimento físico e mental.
A mãe da criança, Rosa Cruz, uma emigrante portuguesa a residir em França, vai já dormir esta noite na prisão, mas ainda pode recorrer da sentença pronunciada por um Tribunal em Corrèze, no centro do território francês.
O Ministério Público tinha pedido 8 anos de prisão efectiva para a cidadã portuguesa.
Na leitura da sentença, a presidente do colectivo de juízes referiu que a pena de 5 anos de prisão poderia “desiludir” muitas das partes envolvidas no caso.
Além da pena de prisão, Rosa Cruz e o marido e alegado pai da criança, que não foi julgado, perdeu também qualquer poder paternal sobre a sua filha.
Em tribunal, Rosa Cruz pediu “perdão à Serena” pelo “mal” que lhe fez. “Apercebo-me agora que lhe fiz muito mal e sei que nunca mais vou ver a minha filha”, disse a portuguesa radicada em França, ainda antes de ter sido proferida a sentença.
As perícias psicológicas efectuadas concluíram que Rosa Cruz estava apta para ser julgada, apesar de ter sofrido de síndrome de negação de gravidez, uma doença mental que não permite reconhecer que se está grávida, impedindo assim o desenvolvimento de ligações de afecto com o bebé.
A criança foi descoberta, em 2013, por um mecânico, quando Rosa Cruz levou o carro a uma oficina para reparação.
A menina foi encontrada na mala do carro, mas a portuguesa garantiu que Serena vivia na cave da casa que partilhava com o marido e mais três filhos, sem que ninguém tivesse conhecimento da sua existência. Depois de o marido ter ficado desempregado, passando mais tempo em casa, Rosa Cruz referiu que passou a esconder a criança na mala do carro.
Em tribunal, Rosa Cruz revelou muitas contradições no seu testemunho, dizendo que via a filha como “uma coisa” e que só a alimentava “ocasionalmente”. Apesar disso, a criança tinha brinquedos e peluches com ela, na mala do carro, entre excrementos, fraldas sujas, larvas e vermes.
Quando foi encontrada, a criança não conseguia sequer levantar o pescoço ou sentar-se, estava muito magra e assemelhava-se a um bebé de apenas 5 ou 6 meses. Actualmente, tem 7 anos e sofre de autismo profundo e défice mental de 80%.
Na altura, a menina foi retirada aos pais, tal como os seus três irmãos. Serena passou a viver com uma família de acolhimento, onde ainda hoje se encontra, e a restante família foi acompanhada pelos serviços de assistência social franceses. Os três irmãos acabaram por voltar ao lar familiar, onde vivem actualmente.
ZAP // Lusa