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Português raptado no centro de Maputo

Hansueli Krapf / Wikimedia

Maputo, Moçambique

Empresário carregado para dentro de um veículo numa questão de segundos, à luz do dia. É tempo de dizer “basta”, diz a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

Um empresário português do ramo da construção civil foi raptado ao início da tarde de esta terça-feira no centro de Maputo, confirmou à Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal.

“Foi raptado um português em Maputo, proprietário de uma grande empresa de construção civil”, disse fonte do MNE português, garantindo que o consulado em Maputo está a acompanhar a situação.

Imagens de videovigilância capturaram o momento em que o veículo onde o empresário seguia sozinho estaciona no bairro da Sommerchield, avenida Armando Tivane, no centro da capital.

Rapidamente surgem atrás dois homens que parecem auxiliar o empresário na manobra de estacionamento quando, de repente, outros dois homens chegam a correr e carregam o empresário para dentro de um carro que tinha acabado de abrandar no local.

O homem que auxiliou o estacionamento é visto a tentar ajudar, desesperado, mas é rapidamente ameaçado por dois dos criminosos que estavam dentro do veículo, de onde saíram com armas de fogo nas mãos, tendo desferido pelo menos um disparo, dirigido ao ar.

Um pano preto foi usado para cobrir a cabeça do empresário, que iria regressar a Portugal esta quarta-feira, segundo o Correio da Manhã.

É tempo de dizer “basta”

Este é já o segundo rapto no mês de outubro em Maputo. O último caso acabou com a libertação da vítima horas depois, mas só após perseguição policial.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos. Mais de 100 deixaram o país por receio que lhes aconteça o mesmo, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). É tempo de dizer “basta”, defende a organização.

“Já vão a caminho de 150. Abandonaram o país mais de uma centena. Não estamos a falar daqueles que exerciam cargos da administração ou direção, se contarmos com esses são muitos mais. Estamos a falar daqueles que detinham o capital, eram os acionistas das empresas”, afirmou, em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente do pelouro de segurança e proteção privada da CTA, Pedro Baltazar.

“Passados cerca de 12 anos desde a ocorrência do primeiro rapto, achamos que é tempo suficiente para que o Governo se pressione de forma mais pragmática a dar um basta a este mal. Por isso, reiteramos a necessidade de o Governo acolher as medidas propostas pelo setor privado”, afirmou o dirigente da CTA, reconhecendo o impacto de “biliões de dólares” na economia e no emprego no país.

A polícia moçambicana registou, até março, um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou anteriormente o ministro do Interior, Pascoal Ronda.

ZAP // Lusa

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