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Podem perder-se países inteiros ainda neste século (e Portugal é especialmente “vulnerável” ao clima)

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Miguel A. Lopes / Lusa

A ONU deixou um sério aviso ao mundo a propósito da gravidade das alterações climáticas, notando que há países que estão em risco de desaparecer ainda neste século. E Portugal é um dos territórios europeus que mais consequências negativas pode enfrentar nos próximos anos.

O mais recente relatório da ONU sobre o clima aponta que o aumento da temperatura global vai ultrapassar o limite de 1,5ºC, o que é um “código vermelho” para a Terra, como destacou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres.

Este aquecimento global terá efeitos catastróficos para alguns países, nomeadamente na zona do Oceano Pacífico. Assim, o aumento do nível do mar e outras alterações climáticas podem levar ao desaparecimento de países inteiros.

“Grande parte de países como o Kiribati, Vanuatu, Ilhas Salomão”, vão “simplesmente tornar-se inabitáveis“, apontou o líder da pesquisa e investigação da Greenpeace Australia Pacific, Nikola Casule, conforme cita a TVI.

Temperaturas na Europa vão subir a ritmo superior

Mas também na Europa, os efeitos das alterações climáticas serão dramáticos.

O relatório da ONU destaca que, no Velho Continente, as temperaturas vão subir a um ritmo superior ao da ​​​​​​​média mundial, independentemente dos futuros níveis de aquecimento global.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que elaborou o relatório constata que a frequência de ondas de frio e dias de neve vai diminuir na Europa, em todos os cinco cenários traçados e em todos os horizontes temporais.

Por outro lado, prevê-se o aumento das precipitações no Inverno, no Norte da Europa, e uma diminuição das precipitações no Verão, no Mediterrâneo, bem como um aumento das precipitações extremas e das inundações.

Independentemente do nível de aquecimento global, o nível do mar subirá em todas as zonas europeias, excepto no Mar Báltico, a um ritmo próximo ou superior ao nível médio global.

Os autores do estudos antecipam ainda que as mudanças continuem após 2100 e que os fenómenos extremos do nível do mar sejam mais frequentes e mais intensos, provocando mais inundações costeiras e o recuo das costas arenosas.

Portugal especialmente “vulnerável”

Na Europa, Portugal é um dos países com maior vulnerabilidade às alterações climáticas, alerta a organização ambientalista ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

A ZERO destaca que o relatório da ONU é “o aviso mais severo de sempre da comunidade científica mundial sobre os efeitos das emissões de gases de estufa e consequentes alterações climáticas, antes do planeta atingir um aumento de temperatura superior a 1,5 ºC”.

No contexto europeu, “a região do Mediterrâneo apresenta grandes vulnerabilidades e menores oportunidades para lidar com as alterações climáticas”, sendo também “das mais vulneráveis às alterações climáticas”, reforça a Associação ambientalista.

Em concreto, prevê-se que esta região venha a ter ondas de calor, secas e fogos florestais ainda piores do que os que já ocorreram, com impacto na agricultura, na pesca e no turismo.

Algumas sub-regiões podem ter a produção agrícola reduzida em dois terços e a superfície de floresta queimada triplicada.

Estima-se também que dezenas de milhões de habitantes sejam afectados por maior escassez de água, riscos de inundações costeiras e ondas de calor potencialmente mortais, detalha a Zero.

“Devido às suas características geográficas, Portugal encontra-se entre os países europeus com maior vulnerabilidade a estas alterações”, adianta ainda a Associação.

Alterações climáticas devem ser “prioridade nacional”

Perante estes dados, a ZERO defende que, “em Portugal, as alterações climáticas deverão ser cada vez mais uma prioridade nacional“.

A situação de Portugal “é agravada pela exposição a eventos meteorológicos extremos, como ondas de calor conjugadas com secas associadas a condições de enorme redução da humidade e à subida do nível do mar (factores que causam potenciais cheias e galgamentos costeiros)”, sublinha ainda a ZERO.

Assim, a Associação diz que é urgente “a adopção imediata de acções de mitigação, que combatam as causas, e de adaptação, que minimizem os impactos, com vista a uma sociedade neutra em carbono e resiliente ao clima”.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Quanto aos fogos em Portugal, deixo uma pergunta. Sabem qual é a temperatura de ignição a partir da qual a madeira “pega” fogo?. Vão procurar.

  2. No que toca a incêndios, por cá parece haver vários aparelhos de videovigilância espalhados pelo país, mas pelos vistos estão desativados, logo por aqui se vê a seriedade de quem “governa” este país em proteger o território. Quando tudo começar a arder, ninguém será culpado como de costume!

  3. No seguimento dos comentários do Pedro Nuno e de “de mal a pior”. Há já alguns anos vi um programa na televisão portuguesa onde um bombeiro punha um pedaço de madeira seca dentro de um forno a 200ºC… curioso… NÃO PEGOU FOGO!!!!
    Sim, claro que fica tudo mais seco, e como tal arde melhor, mas NÃO PEGA FOGO ESPONTÂNEAMENTE!!!
    Não me digam também as tretas do costume como vidros que refletem a luz do sol ou fundos de garrafa a fazer de lente que servem como fonte de ignição porque a probabilidade de um pedaço de vidro ou o fundo de uma garrafa estarem na posição certa, à hora certa, com céu limpo de dia e isso acontecer é menor do que a de um meteorito nos atingir! Ah sim, e quanto a trovoadas sempre as houve e nem por isso tínhamos tantos incêndios!!!!
    Agora que neste país o prevaricador sai sempre com a desculpa do ‘coitadinho’, e que foi só a primeira vez, ou foi apenas um descuido e assim a culpa morre sempre solteira… Aí sim, aí a probabilidade é francamente alta. Que dantes o número de agentes de autoridade e guardas florestais per capita era maior, oh se era!
    Mais, havia respeito pela autoridade! Agora pagam os justos pelos pecadores à conta do famoso “abuso de autoridade”… Já para não falar, à falta de argumentos, que isso era do tempo da outra senhora…
    Enfim, o facto é que não são nem as temperaturas actuais em Portugal que pegam fogo mas a mão humana. E, por favor, parem de dar desculpas esfarrapadas e salvem o que ainda resta usando mão forte que quase de certeza não vai ser preciso água.

    • “Pedaço de madeira num forno”?!
      Bem… não percebes NADA de fogo nem de incêndios florestais!…
      Sempre existiram e vão continuar a existir incêndios provocados pela natureza…

  4. Está um frio que nao se pode. Agosto e a temperatura em Lisboa nao chega aos 30C.
    Saudades dos verões quentes que havia há 20 anos atrás

    • Trump?!
      “Vaga de frio leva Trump a questionar de novo as alterações climáticas”
      Se “há 20 anos havia verões quentes em Lisboa” e agora não está assim tão quente, talvez existam mesmo alterações climáticas; não?!
      Pois…

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