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Portugal é um dos “hotspots” para os efeitos negativos das alterações climáticas

Paulo Novais / Lusa

Fenómenos de temperaturas extremas como os registados nos EUA e no Canadá, com quase 50 graus em alguns locais habitualmente frios, não nos devem surpreender e podem ser cada vez mais frequentes. O alerta é do especialista em política ambiental Filipe Duarte Santos que alerta que o Sul da Europa e, portanto, também Portugal, é um “hotspot” para os efeitos negativos das alterações climáticas.

“A probabilidade de nos próximos anos, e por aí fora, termos situações destas, de ondas de calor conjugadas com secas, é cada vez maior. E é cada vez maior no Sul da Europa“, avisa Filipe Duarte Santos, do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), em declarações à Rádio Renascença.

A “região do Mediterrâneo é das regiões mais vulneráveis do mundo às alterações climáticas, é considerado um ‘hotspot’ das alterações climáticas, porque há uma tendência de diminuição da média da precipitação anual, acumulada em cada ano, e já diminuiu”, realça ainda.

O professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nota que os efeitos das alterações climáticas “só vão diminuir quando a temperatura média global da atmosfera começar a descer”.

Mas “para isso é necessário que as emissões de gases com efeitos de estufa atinjam um máximo e comecem a descer”, salienta o especialista em política ambiental e sustentabilidade.

Os maiores problemas para o clima são as “emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera, em particular do dióxido de carbono, que é produzido na combustão dos combustíveis fósseis”, ou seja, do carvão, petróleo e gás natural, destaca Filipe Duarte.

Em Portugal, as emissões de gases poluentes desceram significativamente em 2020, devido ao confinamento motivado pela pandemia de covid-19.

Contudo, “temos problemas que não estão resolvidos, em termos de nos adaptarmos às alterações climáticas, e um desses problemas é o risco de incêndios florestais“, alerta o especialista do CNADS.

“Continuamos a ter uma área ardida de florestas e de matos que, em percentagem de área do país, é a maior da União Europeia, em média”, nota Filipe Duarte elogiando o forte investimento em energias renováveis, mas avisando que ainda há muito a fazer.

“É imperativo estarmos conscientes que as nossas acções vão influir sobre o que será o mundo nos próximos 20, 30, 50, 100 anos, onde viverão os nossos filhos, netos e bisnetos”, conclui.

ZAP //

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